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VI SEMEAD ENSAIO Marketing

A RELAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL,

ORIENTAÇÃO PARA MERCADO E PERFORMANCE

Autoria: Francine da Silveira Espinoza

Mestranda em Administração-Marketing do PPGA da UFRGS.
Bacharel em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

E-mail: fespinoza@terra.com.br

A RELAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL, ORIENTAÇÃO PARA MERCADO E PERFORMANCE.

Resumo

O presente trabalho visa propor relações entre aprendizagem organizacional e orientação para mercado e seu impacto na performance empresarial. Aprendizagem organizacional é o processo de flexibilização que visa o aprendizado coletivo, ou seja, é uma cultura voltada para a aprendizagem, que determina a maneira como os indivíduos pensam e agem. Orientação para mercado é um conjunto de comportamentos organizacionais específicos, um conjunto de atividades e processos que visa gerar, disseminar e utilizar informações sobre o mercado. De acordo com a literatura, tanto a aprendizagem quanto a orientação para o mercado têm impacto positivo na performance organizacional. A principal hipótese defendida neste trabalho é de que quanto maior for o aprendizado organizacional, visto como cultura, maior será a orientação para mercado, vista como um conjunto de atividades.

1. Introdução

Ao longo da década de 90 o estudo da orientação para mercado foi fortemente incentivado na academia, tendo sido considerado tema prioritário pelo Marketing Science Institute durante vários anos. O incentivo gerou uma série de trabalhos que desenvolveram a definição do tema, especificação de variáveis e operacionalização de medidas, gerando, por exemplo, a escala MARKOR de Jaworski, Kohli e Kumar (1993), largamente utilizada até hoje. Jaworski e Kohli, inclusive, ganharam o prêmio Sheth Foundation/Journal of Marketing pelo artigo "Market Orientation: Antecedents and Consequences", publicado no Journal of Marketing em 1993. O prêmio é concedido ao artigo que, entre seis e dez anos da publicação, apresentar a maior contribuição para o desenvolvimento da teoria em marketing.

No desenvolvimento destes estudos, a relação da orientação para mercado com a performance organizacional foi abordada intensamente e, de acordo com as pesquisas realizadas, esta relação tem-se mostrado positiva. Além desta, outra linha de pesquisa que pode ser identificada é o estudo das relações da cultura organizacional com a orientação para mercado. Deshpandé, Farley e Webster (1993, 2000) analisaram os efeitos de alguns tipos de cultura organizacional em diferentes contextos internacionais. Homburg e Pflesser (2000) testaram um modelo causal onde aspectos culturais afetam diretamente os comportamentos relacionados à orientação para mercado e esta influencia positivamente a performance.

Embora o efeito positivo da orientação para mercado na performance empresarial tenha sido comprovado empiricamente por inúmeros estudos, de acordo com um segmento da teoria a orientação para o mercado per se não é suficiente para melhorar o desempenho (Day 1994, Hurley e Hult, 1998). Sinkula (1994) e Slater and Narver (1995) sugerem que a orientação para mercado só melhora o desempenho se combinada com a orientação para o aprendizado. Esta corrente defende que o efeito sinérgico da orientação para mercado com o aprendizado organizacional e o desenvolvimento de capacitações empresariais levam ao estabelecimento de uma vantagem competitiva e, conseqüentemente, melhoram a performance (Day 1994; Slater and Narver 1995, Hurley e Hult, 1998).

Alguns trabalhos indicam relações entre a orientação para o mercado e o processo de aprendizagem organizacional (Webster, 1994a; Slater e Narver, 1995; Hurley e Hult, 1998), mas poucos abordam esta relação como uma investigação empírica. Entretanto, sabe-se que para uma organização maximizar a habilidade de aprender sobre os mercados e estabelecer a orientação para o mercado, é necessário um ambiente favorável, estrutura adequada e processos e incentivos para a operacionalização dos valores culturais que visam o aprendizado e a internalização do conceito de marketing (Deshpandé e Webster, 1989; Deshpande, Farley, e Webster, 1993; Day, 1994).

O presente artigo parte do princípio de que a orientação para mercado, vista como um conjunto de atividades e processos que visa gerar, disseminar e utilizar informações do mercado, pode ser influenciada por um ambiente propício, proporcionado pela cultura de aprendizagem organizacional. Para sustentar esta relação, primeiramente são apresentados o conceito e o processo de aprendizagem organizacional e, em seguida, uma revisão das principais definições de orientação para mercado. As hipóteses são elaboradas a partir da análise das relações entre as variáveis e o modelo conceitual é apresentado e discutido.

2. Aprendizagem organizacional

Aprendizagem pode ser definida em um conceito amplo como “um processo de mudança resultante de prática ou experiência anterior, que pode vir ou não a manifestar-se em uma mudança perceptível do comportamento” (Fleury e Fleury, 1995, p.19). Essa dinâmica é complexa e pode manifestar-se de um modo praticamente ilimitado, desde que haja uma disposição interna para tal e condições facilitadoras que estimulem o aprendizado contínuo.

Em relação ao aprendizado individual, basicamente duas teorias existentes na psicologia sustentam os principais modelos de aprendizagem: o modelo behaviorista e o modelo cognitivo (Fleury e Fleury, 1995). O primeiro estuda apenas os aspectos comportamentais, por serem estes observáveis e mensuráveis. Esta teoria apregoa que o conhecimento dos processos mentais e fisiológicos que levam ao comportamento não teriam influência relevante no estudo dos comportamentos. Portanto, a aprendizagem consiste em se condicionar comportamentos. Existem dois tipos de condicionamento (Atkinson et al., 1995): o respondente (ou clássico), associado a reflexos condicionados e a respostas naturais; e o operante, que busca uma resposta ou reação nova através do aprendizado e é conseguido através de reforços e repetições. O condicionamento operante é considerado como responsável pela maior parte dos comportamentos que adquirimos.

O modelo cognitivo busca explicar fenômenos internos mais complexos, como a gênese da aprendizagem de conceitos e soluções de problemas. Considera aspectos internos ao indivíduo (como crenças e percepções) como determinantes no modo de apreensão da realidade. A aprendizagem, portanto, é um processo interno que deve ter suas representações compreendidas para se entender como o processamento de informações se desenvolve (Fleury e Fleury, 1995).

A definição de aprendizagem organizacional segue a mesma conceituação de aprendizagem individual, porém aplicada a empresas. A diferença está na disseminação da informação adquirida e na sua interpretação por um conjunto de indivíduos e departamentos da organização (Day, 1994). Aprendizado organizacional é, portanto, o desenvolvimento de conhecimento ou insights que têm potencial para influenciar os comportamentos (Slater e Narver, 1995), os quais, presume-se, levarão à melhor performance empresarial (Senge, 1999). O processo de aprendizagem é um meio de potencializar e agregar inovações, funcionando como um veículo de transformação organizacional. As organizações que possuem em sua cultura o elemento da aprendizagem, conseguirão gerar uma vantagem competitiva a partir do conhecimento e distinguirem-se em relação aos concorrentes (Gold, 1995).

Empresas orientadas para o aprendizado são instituições que enfatizam primordialmente a construção de uma cultura de aprendizagem onde as pessoas se voltam para a aprendizagem coletiva e são comprometidas com resultados (Senge, 1999), "criando, adquirindo e transferindo informações que modificam seus comportamentos a fim de refletir os novos conhecimentos e insights" (Garvin, 1993).

Para Senge (1999), a idéia da organização que aprende incorpora um tipo ideal aspirado pelas organizações, não existindo uma organização que possa definir-se como tal, uma vez que a organização que aprende é, na verdade, um processo. Segundo Gold (1995), todas as organizações aprendem, só que em graus diferentes. O que as diferencia é a natureza desse aprendizado, o seu impacto sobre o sistema de crenças (cultura) e o comportamento da organização. O que passa a ganhar importância neste processo não é mais a adoção de um modelo, mas a flexibilização de toda a organização, principalmente dos indivíduos. Estes precisam não só estar abertos ao aprendizado frente às variadas situações que se apresentam na organização, como ainda atuar de maneira criativa e inovadora. Esta abertura ao aprendizado dos indivíduos instaura o processo de otimização da aprendizagem organizacional (Senge, 1999).

Além de incentivar o aprendizado individual, Webster (1994a) sugere que para mudar, antes a empresa tem que observar o que está ocorrendo a sua volta. A inteligência de mercado é um fator chave para o aprendizado, auxiliando a entender o que os clientes querem, definir áreas específicas que necessitam de melhorias e identificar as melhores práticas na empresa e nos concorrentes.

A organização que aprende forma e gerencia alianças estratégicas com os clientes e outros parceiros (Day, 1994). A organização estrutural das empresas em forma de rede e a formação de alianças estratégicas muitas vezes é vista como um meio de instaurar a organização que aprende, introduzindo mudanças à estrutura existente para desenvolver e melhorar as competências distintivas e aprender habilidades críticas com o novo parceiro (Webster, 1994b). A estratégia de aprendizagem, com ênfase nos resultados e aperfeiçoamentos contínuos a partir de experiências de sucesso e fracasso e a habilidade de aprender mais rápido que os concorrentes, são as únicas fontes de vantagem competitiva sustentável (Dickson, 1992).

A mudança no comportamento é que levará a empresa a melhorar a performance. O aprendizado pode influenciar o comportamento de três formas (Slater e Narver, 1995): (a) proporcionando aplicação direta do conhecimento para resolução de problemas, (b) modificando a perspectiva do problema em função do conhecimento e (c) aumentando a satisfação e diminuindo a dissonância com uma mudança que já foi efetuada.

2.1 O processo de aprendizagem organizacional

O processo de aprendizagem organizacional inclui três estágios: aquisição, disseminação e interpretação compartilhada de informações (Slater e Narver, 1995).

Aquisição de informação: A aquisição de informações do mercado dever ser feita de maneira sistemática (Day, 1994). Pode ser adquirida a partir de experiências diretas, experiências de outros ou através da memória organizacional. Aprender com terceiros inclui a prática do benchmarking, a formação de joint ventures e parcerias (para troca de experiências), trabalho junto aos clientes e educação continuada (Slater e Narver, 1995; Webster, 1992). A empresa deve manter monitoramento ativo para buscar informações internas e externas, como o acompanhamento da concorrência para identificar seus pontos fortes e tentar superá-los. O que foi aprendido deve ser memorizado, visto que empresas que não tem métodos práticos para lembrar o que foi aprendido, tornarão a cometer os mesmos erros. A tecnologia da informação pode ser um grande aliado na garantia de manutenção do que foi aprendido (Day, 1994).

Disseminação de informação: A aprendizagem só é possível em uma empresa cujo acesso às informações é livre para todos os níveis organizacionais, de forma que todas as pessoas estejam conscientes de sua performance, o poder de decisão seja democratizado e os objetivos sejam verdadeiramente compartilhados (Bernardes, 1999). Quando a informação é largamente distribuída na organização, fontes variadas aparecem, os esforços são recompensados e é provável que mais indivíduos e unidades se capacitem para aprender. Combinar informações de diferentes fontes não só leva a novas informações, mas a novas compreensões (Day, 1994) e permite que a empresa aprenda com as experiências e não repita erros (Garvin et al., 1998).

Interpretação compartilhada: Para que o aprendizado ocorra, deve haver um consenso sobre o significado de determinada informação e suas implicações, o que, às vezes, requer resolução ou gerenciamento de conflitos eficaz (Slater e Narver, 1995).

Além da aquisição, disseminação e interpretação compartilhada de informações, outros fatores influenciam o estabelecimento do processo de aprendizagem organizacional, quais sejam:

Ambiente que incentive a aprendizagem: O ambiente deve ser favorável para que a cultura gere os comportamentos desejados. Para promover um ambiente propício ao aprendizado são necessárias condições políticas e culturais onde a aquisição e a prática da aprendizagem são recompensadas como um comportamento inteligente, oferecendo estímulo para a troca de idéias, criatividade na solução de problemas e promovendo eventos designados primordialmente para revisões estratégicas em conjunto (Bernardes, 1999).

Visão sistêmica: A abordagem sistêmica das organizações possibilita a auto-regulação das mesmas, ou seja, a capacidade de re-adequação a partir do processamento dos feedbacks recebidos. Senge (1999) enfatiza a interdependência bem como a necessidade de colaboração entre as partes de uma organização.

Ação monitorada: é preciso monitorar para verificar quanto os processos de aprendizagem contribuem para mudar os comportamentos e se a aprendizagem ocorreu no sentido da melhoria de resultados organizacionais (Day, 1994).

3. Orientação para mercado

O fundamento filosófico da orientação para mercado surgiu com a introdução do conceito de marketing, mas só no final dos anos 80 e início dos anos 90, com o retorno do foco no consumidor, a crescente importância concedida ao tema gerou o desenvolvimento de conceitos e formas de mensuração da orientação para o mercado.

Na literatura é possível identificar basicamente duas correntes de orientação para mercado (Homburg e Pflesser, 2000): uma comportamental e outra cultural. A perspectiva comportamental aborda a orientação para mercado sob aspectos de comportamentos organizacionais específicos, como, por exemplo, a geração, disseminação e uso de inteligência de mercado, apregoadas por Kohli e Jaworski (1990). Desta forma, a orientação para mercado pode ser definida como um conjunto de processos e atividades inter-funcionais direcionadas a criar e satisfazer os clientes através da avaliação contínua das suas necessidades (Deshpandé e Farley, 1998). A perspectiva cultural refere-se a aspectos fundamentais e filosóficos da organização, que funcionarão como diretrizes para o estabelecimento dos comportamentos necessários para fornecer valor superior para os clientes.

De acordo com Kohli e Jaworski (1990), o termo orientação para o mercado é utilizado para definir a implantação do conceito de marketing. O conceito de marketing pode ser entendido como uma filosofia empresarial, baseada na aceitação de toda a empresa da necessidade de ser orientado para o cliente, orientado para o lucro e reconhecer o importante papel do marketing em comunicar as necessidades do mercado para todos os departamentos da empresa. Para Kohli e Jaworski (1990, p.1), "o conceito de marketing é essencialmente uma filosofia de negócios, um ideal ou uma diretriz", que podem ser implementados através do conjunto de atividades que estes autores sugerem. A partir deste estudo, Kohli e Jaworsli (1990, p.6) definiram orientação para o mercado como:

A geração de inteligência de mercado em relação às necessidades atuais e futuras dos clientes, disseminação da inteligência entre os departamentos e resposta de toda a organização a esta inteligência.

A orientação para o mercado é, então, definida em três componentes: (1) geração de inteligência de mercado, (2) disseminação da inteligência entre os departamentos e (3) resposta da organização a esta inteligência. A orientação para o cliente é o elemento central da orientação para o mercado. Para ser orientado para os clientes, é preciso basear-se em inteligência de mercado, que engloba fatores referentes ao mercado e às necessidades atuais e futuras dos clientes. O estudo também identificou que é crítico que vários departamentos estejam conscientes às necessidades do mercado (isto é, conscientes à inteligência de mercado). A reação ou resposta à inteligência é a capacidade que a empresa tem de agir com base no conhecimento gerado.

A lucratividade não está incluída na definição pois esta foi identificada no estudo como uma conseqüência da orientação para mercado, e não como parte dela. Portanto, orientação para o mercado inclui todas as atividades envolvidas na aquisição de informações sobre os consumidores e competidores do mercado alvo e disseminação e uso destas informações, com o objetivo de obter lucro no longo prazo.

Em 1993, Kohli, Jaworski e Kumar desenvolveram a MARKOR, uma escala para mensurar a orientação para mercado. A escala apresenta 32 itens e foi largamente utilizada em trabalhos subseqüentes (p.e. Homburg e Pflesser, 2000), inclusive no Brasil (p.e. Perin e Sampaio, 2001; Menna e Rossi, 2001).

Narver e Slater (1990) definem orientação para mercado como um constructo unidimensional que consiste em três componentes comportamentais: (1) orientação para o cliente (entender o mercado), (2) orientação para o concorrente (entender as forças, fraquezas, capacitações e estratégias dos principais concorrentes) e (3) coordenação interfuncional (uso de recursos de todos os departamentos para fornecer valor para o cliente). Além disso, o conceito engloba dois critérios de decisão: foco no longo-prazo e objetivo de lucro.

Orientação para o cliente e orientação para os concorrentes representam, respectivamente, a relativa ênfase em coletar e processar informações relacionadas ao cliente ou às capacidades dos concorrentes. A coordenação interfuncional refere-se à aplicação de recursos por parte da organização para sintetizar e disseminar a inteligência de mercado (Narver e Slater 1990; Slater e Narver 1994). Nesta definição, o foco está, em primeiro lugar, na orientação ao consumidor, uma vez que a compreensão dos consumidores-alvo é suficiente para criar um valor superior. Segundo os autores, o desejo de fornecer valor superior para os clientes leva a empresa a desenvolver e manter a cultura que produzirá os comportamentos necessários para alcançar este objetivo.

A pesquisa de Narver e Slater (1990) apresentou o desenvolvimento de uma escala de orientação para o mercado e verificou que a sua magnitude estava relacionada com a performance empresarial. Em 1994, Slater e Narver examinaram o papel moderador do ambiente em associação com uma maior orientação para o cliente ou para o concorrente e a performance, mas foram encontradas poucas evidências destas relações.

Para Deshpandé et al. (1993, p.27), orientação para mercado é "um conjunto de crenças que coloca o interesse do cliente em primeiro lugar". É o elemento central da filosofia gerencial baseado no conceito de marketing. Day (1994) define orientação para o mercado como a habilidade superior em entender e satisfazer os clientes. Estas definições deixam de tratar a orientação para mercado apenas como um processo e incluem componentes culturais. Nesta mesma linha, Slater e Narver (1995) sugerem que a orientação para o mercado é um aspecto da cultura organizacional ao mesmo tempo que é inerentemente uma orientação para o aprendizado.

Embora o caráter cultural da orientação para mercado seja reconhecido, a perspectiva adota neste trabalho é a que estabelece um conjunto de processos que leva a empresa a ser orientada para o mercado (p.e. Kohli e Jaworsli, 1990), visto que o objetivo é sugerir uma relação com o aspecto cultural da aprendizagem organizacional. A seguir é apresentada a base teórica que leva às hipóteses que compõem o modelo conceitual sugerido.

4. Aprendizagem organizacional, Orientação para mercado e Performance

A aprendizagem organizacional é vista como um processo que visa a aprendizagem coletiva (Senge, 1999) através da aquisição, disseminação e interpretação compartilhada da informação (Slater e Narver, 1995). Este processo pode ser considerado um tipo de cultura organizacional, especialmente se for considerada a teoria da organização cognitiva (Weick, 1985), que foca no processamento de informações gerenciais e vê a organização como sistemas de conhecimento. De acordo com esta teoria, a cultura é um sistema de cognições compartilhadas, ou seja, "a organização repousa na rede de significados subjetivos que os membros organizacionais compartilham" (Freitas, 1991, p.3).

Freitas (1991) afirma existir uma relação direta entre cultura e performance e cita os trabalhos de Gordon (1985) e Denison (1984) como dois estudos importantes que comprovam que existem efeitos mensuráveis nesta relação. A autora afirma, ainda, que são poucos os autores "que não assumem que a cultura possa influenciar o desempenho organizacional, ou, pelo menos, que as pesquisas realizadas têm sido insuficientes para sustentar esta afirmativa" (Freitas, 1991, p.105).

Se a cultura for orientada para o aprendizado, o foco estará na busca constante de melhores práticas e maneiras de fazer negócios visando entender e atender os clientes (Day, 1994), o que leva diretamente a resultados superiores (Slater e Narver, 1995). Para Hurley e Hult (1998), a capacidade de aprender levará ao desenvolvimento da empresa e à performance superior, mas esta relação é mediada pela capacidade de implementar inovações a partir do aprendizado. Os autores concluíram que quanto mais uma cultura enfatizar o aprendizado, maior será a inovação, e, conseqüentemente, o desempenho. Slater e Narver (1995) sugerem que a habilidade de aprender aumenta a performance numa relação direta. Da mesma forma, Cillo et al. (2002) afirmam que o processamento de informação organizacional afeta a performance.

Com base nestas afirmações e resultados encontrados na literatura, a seguinte hipótese pode ser elaborada:

Hipótese 1: A cultura de aprendizagem organizacional

está positivamente relacionada com a performance

Presumivelmente, o aprendizado facilita a mudança de comportamento que, por sua vez, levará a melhor performance (Garvin, 1993; Senge, 1999, Sinkula, 1994; Slater e Narver, 1995). Fiol e Lyles (apud Sinkula, 1997), acrescentam ainda que, no longo prazo, a mudança no comportamento é um link essencial entre o aprendizado e a performance.

O conceito de orientação para mercado, que, considerado um conjunto de atividades, tem um caráter comportamental, está, portanto, intimamente relacionado com processamento de informação organizacional. Diversos autores sugerem que a combinação ou efeito sinérgico da aprendizagem organizacional e orientação para o mercado levariam a melhor desempenho (Sinkula, 1994; Slater e Narver, 1995; Day, 1994; Webster, 1994a, 1997). Deshpandé et al. (1993) afirmam que esta cultura de processamento de informações gerenciais é muito útil para entender não só a cultura organizacional, mas também a orientação para o mercado, já que a discussão desta última tomou um caráter implícito, se não explícito, de processamento de informação.

Jaworski e Kohli (1993) sugerem diversos aspectos culturais como antecedentes da orientação para mercado, como o grau de conflito e conexão na dinâmica interdepartamental. Homburg e Pflesser (2000) corroboram esta visão, afirmando que aspectos culturais influenciam comportamentos relacionados à orientação para mercado.

Webster (1994a) afirma que a cultura de aprendizagem organizacional é importante para a orientação para o cliente. De acordo com o autor, os consumidores estão mais informados e seu processo de decisão de compra está mais sofisticado, por isso, através da implantação do conceito de aprendizagem a empresa poderá aprender mais sobre o cliente e melhor adaptar-se as suas mudanças. Na abordagem de Day (1994), as empresas que desenvolverem um conjunto de habilidades e aprendizado coletivo, operacionalizado através de processos organizacionais, serão mais orientadas para o mercado. A cultura voltada para o aprendizado é uma característica - uma capacitação fundamental - que facilita a orientação para mercado.

Sinkula (1997), testou um modelo no qual a orientação para o aprendizado afeta diretamente a geração e disseminação de informações. As hipóteses propostas foram confirmadas, o que permite estabelecer uma relação, ao menos parcial, da aprendizagem com a orientação para mercado, visto que dois dos seus componentes foram comprovadamente relacionados com o aprendizado.

Se a cultura de aprendizado já estiver instaurada na organização, o processo de implantação da orientação para mercado seria facilitado. A aprendizagem organizacional é operacionalizada através da aquisição, disseminação e interpretação compartilhada de informações. Estas informações podem ser advindas de fontes internas ou outras fontes, mas são geradas, principalmente, da análise dos consumidores e da concorrência.

Desta forma, considerando a aprendizagem organizacional como um processo de flexibilização organizacional que busca agir com base no conhecimento gerado, sugere-se quanto mais esta cultura estiver estabelecida na empresa, maior será a geração, disseminação e utilização das informações de mercado, atividades que caracterizam a orientação para mercado segundo o conceito de Kohli e Jaworski (1990). Esta lógica leva à seguinte hipótese:

Hipótese 2: A aprendizagem organizacional está positivamente

relacionada com a orientação para mercado.

As organizações orientadas para o mercado terão maior habilidade em responder rapidamente e flexivelmente às tendências do mercado, podem antecipar com mais precisão as respostas dos consumidores às ações designadas para retê-los ou atraí-los, poderão melhorar as relações no canal e agir com base nas informações de maneira coerente (Day, 1994). Estas habilidades levam a empresa a alcançar performance superior.

Sheth (2001) coloca que seguir uma orientação para o cliente traz para a empresa vantagens competitivas que levam a um desempenho empresarial mais alto, na forma de: (1) um aumento da lucratividade conseqüente da eficiência de custo em virtude da compra repetida, da elevação dos preços e da lealdade do cliente; e (2) de um crescimento da receita gerado pelo aumento da propaganda boca-a-boca, pela fato de o cliente comprar em um único lugar e pelas inovações em produtos.

Voss e Voss (2000) afirmam que uma empresa orientada para o mercado possui um entendimento maior dos seus clientes, o que, conseqüentemente, leva ao aumento na satisfação dos clientes e ao melhor desempenho da empresa.

Homburg e Pflesser (2000) encontraram fortes relações entre orientação para mercado e performance de mercado e financeira. Os autores definiram performance de mercado como a eficácia das atividades de marketing, que pode ser medida através da satisfação de clientes, retenção de clientes e obtenção do market share desejado. Performance financeira é operacionalizada pelo retorno em termos de vendas e surge como conseqüência da performance de mercado.

Conforme descrito por Day (1994), grande e crescente parte da literatura indica que a orientação para o mercado está positivamente relacionada com uma performance superior. Diversos estudos foram realizados no intuito de verificar empiricamente a associação da orientação para o mercado à performance empresarial e foram conduzidos em diferentes contextos. De uma maneira geral, observa-se uma relação positiva entre os dois constructos, conforme comprovado nos trabalhos de, por exemplo, Narver e Slater (1990), Jaworski e Kohli (1993), Deshpandé, Farley e Webster (1993), Slater e Narver (1994), Han, Kim, and Srivastava (1998), Baker e Sinkula (1999), Voss e Voss (2000) e Dawes (2000). No Brasil, resultados positivos foram encontrados por Perin e Sampaio (2001) e Menna e Rossi (2001).

Estes resultados levam à formulação da terceira hipótese:

Hipótese 3: A orientação para mercado está positivamente

relacionada com a performance

O modelo conceitual, que relaciona aprendizagem organizacional, orientação para mercado e performance empresarial, gerado a partir das hipóteses é apresentado na figura 1.

Figura 1: Modelo Conceitual Proposto

5. Considerações finais

Embora sustentadas pela teoria, não é possível fazer uma afirmação categórica quanto à relação da aprendizagem organizacional com a orientação para o mercado, seja pela diversidade de abordagens existentes na academia, seja pela carência de dados empíricos que forneçam subsídios para conclusões definitivas. Desta forma, foi apresentada aqui uma sugestão de como relacionar estas variáveis com a performance empresarial, que pode ser testada em pesquisas futuras.

O modelo conceitual proposto pretende fazer uma ligação entre os aspectos culturais da organização, especificamente a aprendizagem organizacional, com a orientação para mercado. De acordo com os conceitos de orientação para mercado, esta pode ser tanto um conjunto de atividades (Kohli e Jaworski, 1990; Narver e Slater,1990) como uma cultura (Deshapndé et al, 1993; Day, 1994). No entanto, sob a perspectiva de mensuração do constructo, a orientação para mercado tem sido tratada em pesquisas recentes como um conjunto de atividades. A abordagem adotada neste trabalho, além de ser amplamente aceita, apresenta os componentes comportamentais necessários para a operacionalização do aprendizado organizacional.

Outras formas de relação entre aprendizagem e orientação para mercado podem ser encontradas na literatura. Por exemplo, Hurley e Hult (1998) consideram a cultura de aprendizagem e a orientação para mercado constructos independentes e ambos mediados pela inovação na relação com a performance e formação de vantagem competitiva. Ham, Kim e Srivastava (1998) analisaram o efeito mediador da inovação entre a orientação para mercado e a performance.

Slater e Narver (1995), consideram a orientação para mercado como um antecedente da orientação para o aprendizado, que teria relação direta com a performance. Entretanto, a aprendizagem organizacional, sustentada pela teoria de Senge (1999), pelo trabalho de Fleury e Fleury (1991) e pela teoria da cognição organizacional (Weick, 1985), citando alguns trabalhos importantes nesta área, faz referência ao aprendizado de uma forma geral e tem sua fundamentação na psicologia, utilizando, inclusive, o mesmo modelo desenvolvido para indivíduos, com a única diferença de possuir disseminação da informação e interpretação compartilhada. Assim sendo, uma empresa pode possuir a cultura de aprendizagem sem ser efetivamente orientada para o mercado, considerando-se o conjunto de atividades proposto por autores de marketing. O argumento maior é, então, que a cultura tem influência no comportamento, e não o contrário.

Por fim, pode-se acrescentar que não se sabe ao certo se o aprendizado está diretamente relacionado com a performance. Embora tenham sido encontrados argumentos na teoria afirmando que sim, existem poucas provas empíricas desta relação (Slater e Narver, 1995), o que demonstra a importância da realização de pesquisas neste campo de estudo.

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WEICK, Karl. The significance of corporate culture. In: FROST, P.J. et al. Organizational culture. Newbury Park: Sage, 1985

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...ASB-1104 Introduction to Marketing Assignment 1 In view of the dynamic nature of the marketing environment, to what extent do you consider consumers to be, in practice, central to marketing activities? Name: ZHUOMING AN Student No: 500356688 Tutor: David James Introduction What is marketing? The answer is not changeless. There are some different definitions about marketing. The Chartered Institute of Marketing define that "Marketing is the management process responsible for identifying, anticipating and satisfying consumers' requirements profitably." (CIM). Taking a concern into this definition, it indicates that marketing begins before a product or service is developed. In additional, it also explain that marketing involves identifying an unsatisfied consumer need or want and determining if a profitable opportunity exists. Another definition is that “A social and managerial process by which individuals and groups obtain what they need and want through creating and exchanging products and value with others." (Kotler et al., 2005). The basic idea of this definition is that core to all marketing activities is customer satisfaction, which means marketing is an ongoing process as consumer demands and the environment is constantly changing. Products need to adapt as demands change. At the same time, marketing does not involve misleading, tricking or manipulation the customer. The Jobber also define the marketing is "The achievement of corporate goals through meeting...

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...A high-level data model in business or for any functional area is an abstract model that documents and organizes the business data for communication between functional and technical people. It is used to show the data needed and created by business processes. A data model in software engineering is an abstract model that documents and organizes the business data for communication between team members and is used as a plan for developing applications, specifically how data are stored and accessed. An entity-relationship model (ERM) is an abstract conceptual data model (or semantic data model) used in software engineering to represent structured data. There are several notations used for ERMs. Methodology: 1. Use E-R model to get a high-level graphical view of essential components of enterprise and how they are related 2. Then convert E-R diagram to SQL DDL, or whatever database model you are using E-R Model is not SQL based. It's not limited to any particular DBMS. It is a conceptual and semantic model – captures meanings rather than an actual implementation The E-R Model: The enterprise is viewed as set of * Entities * Relationships among entities Symbols used in E-R Diagram * Entity – rectangle * Attribute – oval * Relationship – diamond * Link - line Ellipsis (plural ellipses; from the Ancient Greek: ἔλλειψις, élleipsis, "omission" or "falling short") is a series of dots that usually indicate an intentional omission of a word, sentence...

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...Defining Marketing Paper ShuMikki Stinson MKT/351 Thomas Collins August 26, 2013 Marketing is a tool that can help business owners to prosper with their product. Marketing can be defined as an instrument that is helpful to individuals to promote their goods in their unique way that other people items would not be an eye-catcher. It is vital to know that the key thing for every marketing tool that the individual uses will be used for the proper reasons. By the individual using marketing tools in the proper way, the individual will reach their marketing level in which they wish to be at. There are side effects when it comes to the marketing tools and the techniques which they do not work properly as it was intended too. There are numerous of definitions that relate to the marketing field. According to William D. Perreault, the author of Basic Marketing, the best definition of marketing is the performance of activities that seek to accomplish an organization’s objectives by anticipating customer or client needs and directing a flow of need satisfying goods and services from producer to customer or client. (William D. Perreault, 2011). Marketing is important because it can be a benefit for a business or a hardship. Respectable marketing methods can make a transformation between a concrete upsurges in sales to an impasse circumstances on a quality merchandise. Marketing can be as simple as having a general conversation, which is usually the case in the long run. Marketing is vital...

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...focus inward on the organization’s needs instead of outward (the customer’s needs). • Product is aimed at everyone. • Firms want to profit through maximizing sales volume. • Promotion to achieve goals. 2. Describe some of the characteristics of a firm that would follow a marketing orientation. Marketing orientation is “a philosophy that assumes that a sale does not depend on an aggressive sales force but rather than on a customer’s decision to purchase a product; it is synonymous with the marketing concept.” • Unlike sales orientation, a firm would focus outward on the customers wants and needs. • The goal of a firm is to satisfy customers wants and needs and delivering superior value. • The target is specific groups of people. • Where sales orientation profits by sales volume, marketing orientation firms profit with good feedback from customers or customer satisfaction. • It’s more about marketing and less about selling (less persuasion). • Firms identify what customers want and have businesses give them what they want efficiently. 3. In what ways does McDonald's embody both a marketing and a societal marketing orientation? Do some internet research if necessary. McDonald’s embodies a marketing orientation...

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...customer-focused and heavily committed to marketing. These companies share a passion for understanding and satisfying customer needs in well-defined target markets. They motivate everyone in the organization to help build lasting customer relationships based on creating value. Marketing is just as important for non-profit-making organizations as it is for profit-making ones. It is very important to realize that at the heart of marketing is the customer. It is the management process responsible for identifying, anticipating and satisfying consumer requirements profitability. Background The term ‘‘marketing’’ is derived from the word ‘‘market’’, which refers to a group of sellers and buyers that cooperate to exchange goods and services. The modern concept of marketing evolved during and after the revolution in the 19th and 20th centuries. During that period, the proliferation of goods and services, increased worker specialization and technological advances in transportation, refrigeration and other factors that facilitate the transfer of goods over long distances resulted in the need for more advance market mechanisms and selling techniques. But it was not until the 1930s that companies began to place a greater emphasis on advertising and promoting their products and began striving to tailor their goods to specific consumer needs. By the 1950s, many larger companies were sporting entire marketing departments charged with devising and implementing marketing strategies that would complement...

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...MARKETING PLAN RESEARCH DEFINITION: A marketing plan is a business document written for the purpose of describing the current market position of a business and its marketing strategy for the period covered by the marketing plan. Marketing plans usually have a life of from one to five years. PURPOSE: The purpose of creating a marketing plan is to clearly show what steps will be undertaken to achieve the business' marketing objectives. CONTENT OF MARKETING: A marketing plan for a small business typically includes Small Business Administration Description of competitors, including the level of demand for the product or service and the strengths and weaknesses of competitors. 1. Description of the product or service, including special features 2. Marketing budget, including the advertising and promotional plan 3. Description of the business location, including advantages and disadvantages for marketing 4. Pricing strategy 5. Market Segmentation The main contents in marketing plan are: * Executive Summary Brief statement of goals and recommendations based on hard data. * Environmental Analysis Presents data on the market, product, competition, distribution, macro-environment. (Product fact book) S.P.I.N.S. Situation “Where am I”, Problem identification/Implications “What is happening”, Needs Assessment “Why is it happening”, Solutions “What can I do about it” Market Situation: Data on target market, size and growth for past years...

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...Marketing MKT 421 Marketing According to “American Marketing Association” (2013), “Marketing is the activity, set of institutions, and processes for creating, communicating, delivering, and exchanging offerings that have value for customer, clients, partners, and society at large.” The American Marketing Society has grown to be the largest marketing associations in the world. The members work, teach, and study in the field of marketing across the globe. Another definition of marketing is according to “About.com Investors” (2013), “Marketing is an activity. Marketing activities and strategies result in making products available that satisfy customers while making profits for the companies that offer those products.” Organizations success lies in marketing and it is the heart of the success. The marketing introduces a product or service to potential customers. An organization can offer the best service or product in the industry but the potential customers would not know about it without marketing. Sales could crash and organizations may close without marketing. For a business to succeed the product or service that is provided needs to be known to the potential buyers. Getting the word out is important part of marketing in any organizational success. Product or service awareness is created by marketing strategies. If marketing is not used the potential customers will never be aware of the organizational offerings and the organization will not have the opportunity to succeed...

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...chapter 1 Marketing’s Role in the Global Economy When You Finish This Chapter, You Should 1. Know what marketing is and why you should learn about it. 2. Understand the difference between micro-marketing and macro-marketing. 3. Know why and how macromarketing systems develop. 4. Understand why marketing is crucial to economic development and our global economy. 5. Know why marketing special— ists—including middlemen and — facilitators—develop. 6. Know the marketing functions and who performs them. 7. Understand the important new terms (shown in red). www.mhhe. When it’s time to roll out of bed in the morning, does your General Electric alarm wake you with a buzzer—or by playing your favorite radio station? Is the station playing rock, classical, or country music—or perhaps a Red Cross ad asking you to contribute blood? Will you slip into your Levi’s jeans, your shirt from L. L. Bean, and your Reeboks, or does the day call for your Brooks Brothers interviewing suit? Will breakfast be Lender’s Bagels with cream cheese or Kellogg’s Frosted Flakes—made with grain from America’s heartland—or some extra large eggs and Oscar Mayer bacon cooked in a Panasonic microwave oven imported from Japan? Will you drink decaffeinated Maxwell House coffee—grown in Colombia—or some Tang instant juice? Will you eat at home or is this a day to meet a friend at the Marriott-run cafeteria—where you’ll pay someone else to serve your breakfast? After breakfast, will you head off to school...

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...Abstract In the world of today with rude competition everywhere, customers’ expectations have become higher than ever. It is not the customers who come towards the products but it is the products which should make their way to the customers. And for this, only competitive businesses that are able to stimulate customers’ interests survive in the market. Therefore firms need to increase customers’ awareness about their products or services to be able to pull and encourage them to engage in purchase of their products. And as such, the promotional mix used by a company is really important for this task. The promotional mix in itself is very broad, consisting of various tools, like advertising, personal selling, direct marketing, public relation and sales promotion. To make the optimum use of these tools, marketers usually select them, depending on their budget and objectives, as well as the sector in which they operate (Kotler & Armstrong 1997). As such, research has been conducted on the use of promotional mix and research questions and objectives have been set. The methodology which will be used has been devised. We shall be doing a descriptive study through a survey questionnaire, in which there will be open as well as close ended questions and the questionnaire will be administered through personal interview that is direct, face-to-face. The sample size will be 100 persons and will all be customers of J Kalachand & Co Ltd. After the research, we will be...

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Marketing

...Marketing is the process of communicating the value of a product or service to customers, for the purpose of selling that product or service. Marketing can be looked at as an organizational function and a set of processes for creating, delivering and communicating value to customers, and customer relationship management that also benefits the organization. Marketing is the science of choosing target markets through market analysis and market segmentation, as well as understanding consumer behavior and providing superior customer value. From a societal point of view, marketing is the link between a society’s material requirements and its economic patterns of response. Marketing satisfies these needs and wants through exchange processes and building long term relationships. Organizations may choose to operate a business under five competing concepts: the production concept, the product concept, the selling concept, the marketing concept, and the holistic marketing concept.[1] The four components of holistic marketing are relationship marketing, internal marketing, integrated marketing, and socially responsive marketing. The set of engagements necessary for successful marketing management includes capturing marketing insights, connecting with customers, building strong brands, shaping the market offerings, delivering and communicating value, creating long-term growth, and developing marketing strategies and plans.[2] Marketing may be defined in several ways, depending on...

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...oriented philosophy is so important. The phrase market-oriented is used in marketing conversations as an adjective describing a company with a marketing orientation. Market orientation more describes the company's approach to doing business. Market-oriented defines the company itself. If a company is market-oriented, its board and executive leadership believe that the best way to succeed is to prioritize the marketplace above products. This usually goes over well with customers, but the company also must have adequate research and development to provide what the market wants. Hence, a market-oriented organization is one whose actions are consistent with the marketing concept. Difference Between Marketing Orientation & Market Oriented by Neil Kokemuller, Demand Media http://smallbusiness.chron.com/difference-between-marketing-orientation-market-oriented-14387.html Marketing is a management process and management support for marketing concept is very important element in success. If a company wants to be successful then it is market oriented. Marketing involves identifying the customer requirements and estimate the customer requirements in future. It requires planning which is very important process of marketing. To satisfy the needs the business should provide benefits – offering right marketing at right time at right place. Generally market based companies adopt strategic level marketing that defines the mission and long term objectives of the company. Market oriented...

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...qwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmrtyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmrtyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmrtyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmrtyuiopasdfghjklzxcvbnmqwer...

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...Assessment: MKC1 Market Environmental Variables Reading: Contemporary Marketing: Chapter 3 Questions: 1. How would you categorize Generation X using the five segments of the marketing environment? A: Competitive Environment B: Political-legal environment C: Economic environment D: Technological environment E: Social-cultural environment 2. Joe and Ryan both have storefronts in the local mall. Joe sells candies and Ryan sells pretzels. Are Joe and Ryan in direct competition with each other? A: Yes B: No Consumer Behavior and Marketing Reading: Contemporary Marketing: Chapter 5 Questions: 1. Rachel and Sarah’s parents always purchased groceries from the local Aldi marketplace. What is this type of behavior an example of? A: Cultural influences B: Social Influences C: Personal factors 2. Maryanne purchases Maxwell House coffee every two weeks from the grocery. What is this type of behavior an example of? A: Routinized Problem Solving B: Limited problem solving C: Extended problem solving 3. Aaron does research on several local colleges before applying to his first three choices. This is an example of: A: High – involvement purchase decision B: Low – involvement purchase decision Marketing Plans Reading: Contemporary Marketing: Chapter 2 + Ch. 2 Appendix Web sites: http://www.jpec.org/handouts/jpec33.pdf http://www.netmba.com/marketing/process/ Questions: 1. Strategies are designed to meet objectives...

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