UNIVERSIDADE DOS AÇORES
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO ECONOMIA DA ENERGIA

RESPONSABILIDADE ECOLÓGICA & ENERGÉTICA

Ricardo Gomes Ventura 20061304

Ponta Delgada, 09 de Dezembro de 2008

Índice

Introdução……………………………………………… 3

Desenvolvimento……………………………………….. 5

Conclusão……………………………………………… 10

Bibliografia…………………………………………….. 12

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Introdução O nosso planeta tem sido o lar da humanidade desde há cerca de 40 000 anos, um período de tempo sem expressão, quando comparado com os cerca de 3800 milhões de anos que nos separam do aparecimento das primeiras formas de vida. Mas foram precisos apenas cerca de 150 anos para que a nossa espécie recém-chegada provocasse uma alteração tão grande na Terra, que pode ser comparável à acção do meteoro que se pensa ter chocado com o nosso planeta há 65 milhões de anos, levando ao drástico desaparecimento de inúmeras espécies de seres vivos e provocando profundas alterações climáticas. Desta catástrofe, a Terra recuperou e novas espécies surgiram mas, actualmente, parece que o nosso planeta não terá a mesma sorte, pois encontra-se num ponto crítico para lá do qual pode não haver recuperação se a exploração, por parte do Homem, continuar à escala actual. O progressivo aumento da população mundial é o principal factor responsável pela destruição do ambiente, pois quanto maior for o número de indivíduos, maiores serão as suas necessidades energéticas para sobreviver. O Homem precisa então de, cada vez mais, recorrer à destruição de sistemas naturais valiosos explorando minas e pedreiras, construindo estradas e densos aglomerados populacionais, desertificando os solos e explorando desenfreadamente os seres vivos. A quantidade de água doce disponível no nosso planeta é relativamente pequena mas deveria ser suficiente para suprir as necessidades de todos os seres vivos. No entanto, cada vez mais, a água tem vindo a ser contaminada com bactérias e vírus dos esgotos, produtos químicos e substâncias radioactivas, de tal forma que já não é capaz de sustentar todas as formas de vida que dela dependem. O precioso ar que respiramos está cada vez mais envenenado. A atmosfera parece terse tornado mais um caixote do lixo onde toneladas de poluentes são despejadas diariamente pelas fábricas, pelos meios de transporte, pela utilização de CFC's, aerossois... As principais consequências são as chuvas ácidas, o desaparecimento da camada de ozono. As chuvas ácidas são resultantes da acidificação da atmosfera provocada por poluentes como o dióxido de enxofre, os óxidos de azoto e os hidrocarbonetos. Para eliminar este efeito destruidor torna-se necessário promover a diminuição da utilização de combustíveis, criando formas de energia alternativas e utilizar sistemas que façam uma depuração eficiente dos gases de combustão. A camada de ozono é vital para a sobrevivência da maior parte das formas de vida na Terra, pois absorve a radiação ultravioleta cujo excesso pode causar graves prejuízos às

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células vivas, reduzir colheitas e danificar ecossistemas. As centrais incineradoras são, também, outra possibilidade que procura eliminar os lixos. No entanto, a maior parte do nosso lixo é reciclável e, se tivermos a preocupação de promover a sua reciclagem, estaremos a contribuir para poupar os recursos naturais de uma exploração excessiva. A biodiversidade vegetal e animal está a desaparecer. O número de espécies que se extingue todos os dias é alarmante. Calcula-se que, só nos anos 90, as espécies se têm extinguido a um ritmo de 3 por hora ou de 27 000 por ano. Isto equivale a que, relativamente às florestas tropicais, por exemplo, restem menos de metade das originais da Terra verificando-se que o abate tem tido um ritmo de cerca de 20 milhões de hectares por ano. São várias as razões que têm levado a esta destruição em massa das florestas: aproveitamento de madeiras, terraplanagens para prospecções de petróleo, construção de estradas, criação de pastagens, plantação de culturas, construção de centros urbanos... Cada planta que se extingue pode, por exemplo, comprometer a sobrevivência de cerca de 30 insectos que, por sua vez, são a fonte de alimentação de outros animais. Então, podemos dizer que a extinção de uma espécie pode pôr em risco todo um ecossistema. É importante que neste momento estejamos conscientes de que todos os sistemas vivos provêm da energia solar e que, sem esta energia, teria sido impossível o aparecimento, a evolução, o desaparecimento ou a conservação dos milhares de milhões de formas diversificadas da história da vida. É imperativo que compreendamos que cada uma delas é indispensável à sobrevivência de todas as outras; que o Homem, último elo evolutivo da história, necessita dos microrganismos, das plantas e dos animais para reciclarem a matéria inanimada e lhe fornecerem os alimentos diários de que precisa. O Homem é um organismo heterotrófico e, como tal, incapaz de sintetizar a sua própria matéria viva, o que o toma extremamente dependente de todos os outros seres vivos. Se olharmos para trás, procurando fazer uma retrospectiva sobre os 3 800 milhões de anos da história da vida, não podemos deixar de ficar apreensivos sobre as perspectivas futuras do Homem. Será o Homem uma espécie em vias de extinção? Comparativamente a outras espécies, o Homem só existe há alguns milhões de anos, o que é pouco no quadro da evolução. No entanto, se o Homem tem sistematicamente colocado em perigo o seu próprio planeta, ele é também capaz de mudar o seu destino e, no fundo, o nosso futuro apenas depende de nós. Com este trabalho, procurou-se sensibilizar o leitor para a responsabilidade ecológica e energética de cada um, demonstrando como o Homem tem vindo a destruir a Terra. 4

Desenvolvimento

O aparecimento do homem na Terra, há cerca de dois milhões de anos, significou também o aparecimento de um novo agente modificador da paisagem: na verdade, o homem não só modificou muitos aspectos do planeta, mas também, com o correr do tempo, se mostrou capaz de contrariar e regulamentar os próprios agentes naturais. Se os primeiros habitantes da Terra não mudaram o ambiente em que se inseriram, com a descoberta da prática agrícola a actividade do homem começou a revelar a sua influência determinante. A utilização dos recursos da Terra, e a industrialização dos últimos dois séculos, transformaram depois a paisagem até à criação de ambientes totalmente artificiais. O contínuo aumento de população mundial e, por consequência, a necessidade sempre crescente de recursos alimentares e energéticos, impõe a utilização, para fins agrícolas, de áreas cada vez mais vastas de terras incultas. Assim, a paisagem fica completamente transformada: são nivelados terrenos, feitos socalcos nas encostas e escavados canais de irrigação. Por toda a parte o homem modificou, pois, a linha de costa, quer com a construção de quebra-mar de dimensões modestas, quer com a criação de grandes portos artificiais. Também a necessidade cada vez maior de energia, de materiais de construção e de minerais leva a grandes modificações da paisagem, sobretudo nos locais em que os depósitos de minerais estão próximo da superfície e os materiais podem ser extraídos a céu aberto: as maiores cavidades da Terra, excluindo as bacias oceânicas, são aquelas que foram feitas para extracção de minerais. No que respeita aos agentes naturais, a intervenção do homem na modificação da paisagem é caracterizada, hoje pela rapidez com que se realiza, pela quantidade de energia que se pode concentrar, mesmo numa área pequena, e pela selectividade e determinação com que se concretiza um projecto. Esta intervenção do homem não tem as características de um processo gradual e contínuo, mas apresenta um grau de incidência variável em vários tempos e em vários lugares. O homem de hoje parece ter a noção do próprio papel na criação, na transformação e na destruição da paisagem: reconhece quanto a sua actividade foi destrutiva, como transformou, já irreversivelmente, a superfície da Terra e até que ponto é necessário privilegiar no futuro a constituição de ambientes que preservem a paisagem natural de uma degradação ulterior (in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira – Atlas Geográfico). Substituindo trabalho por energia, a velocidade de utilização de recursos naturais foi agravada por um, desenvolvimento rápido da população. Este crescimento é acompanhado simultaneamente por circunstâncias adversas ao equilíbrio dinâmico mantido ao longo de 5

milénios, verificando-se que o tipo e as inter-relações dessas acções perturbadoras ultrapassam, a um ritmo exponencial, a escala de alterações naturalmente absorvíveis. Esta influência perturbadora do Homem, constitui aquilo a que se costuma chamar poluição. Definição dada, aliás, a qualquer alteração introduzida pelo Homem no ambiente, da qual possam vir a resultar efeitos prejudiciais. As principais fontes de poluição podem ser de natureza física ou mecânica (resíduos sólidos, urbanização, ruído, radiações, etc.), de natureza química (compostos presentes no estado líquido e/ou gasoso, gases de escape automóvel, pesticidas e herbicidas, freons, etc.), e de natureza biológica (componentes fecais de esgotos urbanos, sobre exploração agrícola, flocos biológicos de estações de tratamento de águas residuais sem tratamento terciário eficaz, etc.). Ao longo dos anos, em especial na última década, o Homem começou a tomar consciência de que deve moderar as alterações que introduz no seu ambiente, sobretudo tendo em vista a sua própria protecção. O desenvolvimento de uma comunidade não constitui um acto isolado e sem consequências exteriores. Daí advirá, necessariamente, uma maior ou menor alteração do ambiente, com consequências mais ou menos graves, cujos reflexos se propagarão no espaço e no tempo. O desenvolvimento nunca será legítimo se desprezar os princípios ecológicos fundamentais, na medida em que porá assim em risco a qualidade de vida e até a sobrevivência de outras comunidades actuais ou futuras. A impossibilidade prática de eliminar todos os riscos ecológicos levará a aceitar um risco calculado que, tendo em conta os benefícios e prejuízos resultantes de uma dada opção, procure minimizar esses mesmos prejuízos. Neste contexto, a política industrial e energética deve ser integrada numa política global de ambiente. Poluição das águas – A água das chuvas está razoavelmente despoluída, movendo-se, após precipitação, através do sistema terrestre de meios aquáticos: riachos, rios, lagos e estuários até ao mar. Durante o seu trajecto, alguns materiais naturais tenderão a dissolver-se ou a entrar em suspensão na água. As águas naturais não se podem, por isso, considerar estritamente puras; no entanto, o grau de poluição criado é, em regra, suficientemente pequeno o que permite a tolerância pelo próprio sistema. A acção humana pode, por outro lado, exercer impacto adverso sobre estes sistemas. É prática corrente captar-se água para usos domésticos e, após a utilização, devolver-se a maior parte da mesma na forma de esgotos ou efluentes líquidos já tratados, no sentido de reduzir o respectivo impacto ambiental. Utiliza-se água para arrefecimento ou irrigação, devolvendo-se menos do que a captada, na forma de soluções de maior concentração em sais dissolvidos e mesmo a temperaturas muito elevadas. As águas de processo, resultantes da actividade industrial e designadas vulgarmente por esgotos ou efluentes industriais, podem conter uma grande variedade de compostos poluentes. Cada 6

indústria é caracterizada, neste âmbito, por um conjunto mais ou menos extenso de compostos poluentes, com características tóxicas, de estruturas químicas por vezes estranhas e/ou dificilmente degradáveis. A acção da poluição sobre as águas superficiais será mais frequente quando os efluentes forem lançados em receptores aquosos, tais como ribeiros, tanques, lagoas, etc., mas poderá ainda resultar da aplicação de efluentes sólidos ou líquidos nos solos, desde que haja condições que permitam o escorrimento superficial. Tratamento de águas residuais. O Homem primitivo sempre contou com os processos naturais de degradação no ar, água e solo. Estes processos, inseridos num sistema auto-regulador, eram suficientes para eliminar quaisquer «poluições» naturais, como, por exemplo, as que surgiam pela contribuição da vegetação. Em condições de baixa densidade populacional, uma sociedade nómada, ou elementarmente agrícola, podia descarregar esgotos domésticos ou agrícolas para os meios receptores naturais, os cursos de água, sem causar danos irreversíveis. O advento da sociedade urbana, acompanhado por comunidades de elevada densidade populacional, veio colocar problemas adicionais e, em casos limites devido ao seu excesso, incapacitar a resposta adequada do complexo sistema ambiental. A necessária disponibilidade de instalações de tratamento tornou-se particularmente crítica durante o último século. As necessidades de tratamento eficiente e a baixo custo favoreceram dois processos básicos, a sedimentação e o tratamento biológico. Poluição térmica – A poluição de origem térmica está intimamente, e quase exclusivamente, relacionada com o consumo energético. Produção esta que se baseia, cada vez mais, na transformação de energia libertada durante a queima de um combustível, o que conduz, como é de esperar, a descargas progressivamente mais importantes de efluentes aquecidos provenientes do sistema de refrigeração das centrais. Este problema não é exclusivo do recurso à energia nuclear. O menor rendimento térmico das centrais nucleares e a diferença de escala devida à acumulação de potências muito mais elevadas num único sítio conferem-lhe, no entanto, uma nova dimensão. Para a mesma produção de electricidade, uma central PWR (reactor a água natural pressurizada) descarrega para o ambiente (através do sistema de arrefecimento) cerca de 1,6 vezes mais energia do que uma central que queime combustível fóssil. No futuro, com reactores avançados arrefecidos a gás ou metal líquido, é provável que se obtenham maiores rendimentos térmicos, igualando ou excedendo os das modernas centrais clássicas. Após um recurso bastante generalizado aos rios, tendo por objectivo o arrefecimento de centrais, foi-se tomando consciência de que (admitindo a duplicação da procura de energia eléctrica de dez em dez anos) não será possível continuar a adoptar tal prática sem restrições, sob pena de ver a temperatura dos rios atingir valores totalmente inaceitáveis. Assim, tem-se 7

vindo a observar uma tendência crescente para o recurso à atmosfera (torres de refrigeração) e ao oceano, para fins de arrefecimento. Este oferece, de facto, uma solução atractiva, desde que se tenham em devida conta os efeitos locais sobre o ambiente. A energia desperdiçada pelas centrais térmicas, sob a forma de calor, representa uma quantidade significativa de energia perdida, a qual poderia ser aproveitada, em determinadas circunstâncias, para a agricultura (estufas ou rega de regiões áridas ou frias), aquecimento urbano, viveiros, etc. Do ponto de vista ecológico este aproveitamento seria, em princípio, desejável, havendo, no entanto, que ter em conta as implicações económicas e as dificuldades tecnológicas levantadas, por exemplo, pela distância a que normalmente as centrais se encontram dos centros populacionais. Poluição atmosférica – A atmosfera é um sistema dinâmico, tal como a água, absorve de imediato uma variedade apreciável de sólidos, líquidos e gases provenientes de fontes naturais. Casos como o hélio sofrem transporte para fora da atmosfera terrestre; outras substâncias, como o dióxido de carbono, são introduzidas na atmosfera em maior quantidade do que aquela que é naturalmente absorvível pelo sistema terrestre, pelo que se vão acumulando gradualmente no ar. Normalmente o dióxido de carbono não é considerado um poluente, contudo, o aumento mundial da concentração de CO2 é motivo de preocupação, considerando os seus possíveis efeitos no clima terrestre. Uma vez estudadas cuidadosamente as substâncias são declaradas, ou não, poluentes atmosféricos, fundamentando-se esse atributo nas evidências disponíveis, e as respectivas fontes emissoras imediatamente localizadas e classificadas. A origem das partículas sólidas na atmosfera é devida, sobretudo, à combustão de matéria combustível, como o fuel-oil e o carvão, em queimadores estacionários (fontes emissoras fixas) e ainda como a gasolina, o gasóleo e o fuel para jactos, em fontes móveis. A verdade é que o próprio impacte dos poluentes no nosso ambiente não se encontra contemplado, o que levou alguns autores a propor que a quantidade do poluente referida fosse multiplicada por um factor de tolerância, de modo a obter um índice de poluição combinada, como medição mais real da respectiva contribuição total para a poluição do ar. Poluição do solo – O solo é um dos principais recursos naturais, de importância fundamental para a vida. A poluição do solo constitui hoje uma preocupação ambiental, justificando que na Carta Europeia dos Solos, aprovada pelo Comité de Ministros do Conselho da Europa, em 30-V-1972, fosse incluído um artigo relativo a este problema, onde se afirma: «Os solos devem ser protegidos contra a poluição». A poluição do solo pode resultar da aplicação directa de poluentes, ou ser consequência indirecta das poluições atmosférica ou da 8

água. Como exemplos de poluição do solo com origem na poluição atmosférica pode referir-se a deposição de partículas provenientes de fontes industriais, a contaminação do solo ao longo das estradas, devido à deposição de chumbo proveniente da combustão da gasolina dos automóveis, ou a alteração das propriedades do solo, devido às chuvas ácidas, facto que se tem vindo a tornar cada vez mais grave nos últimos anos (in Grande Enciclopédia Luso e Brasileira). “Um dos problemas da degradação do ambiente resulta do facto de a esmagadora maioria das pessoas não ter assimilado a ideia de que a responsabilidade colectiva começa na responsabilidade individual. Cada pessoa pensa que os estragos que faz são insignificantes, quando comparados com os estragos provocados pelos outros milhões de seres humanos. E assim, numa cadeia onde a responsabilidade não existe, os factores de degradação da natureza acumulam-se. Os cidadãos consomem cada vez mais bens supérfluos e produzem cada vez mais lixo. Os políticos aplicam-se no desenvolvimento e no progresso material porque é assim que os salários aumentam, o desemprego diminui e as eleições se ganham. Nesta cadeia, só uma coisa não é lucrativa e por isso fica para trás: a preservação da natureza. A mancha negra que amanhã tornará impossível a vida na Terra alastra. As pessoas ainda dormem tranquilamente porque a propaganda as convence de que a situação é má mas está em vias de ser resolvida: hoje fabricam-se “sprays amigos do ozono”, gasolina “verde” e estações de tratamento de água que evitam a poluição dos rios. O que as pessoas ainda não perceberam é que a sociedade industrial, responsável pelos grandes desequilíbrios ecológicos que hoje se observam, cria todos os dias situações mais graves do que aquelas que vai resolvendo. O saldo é sempre negativo. O planeta afunda-se. Por tudo isto, e porque o progresso é imparável, a questão do ambiente tornar-se-á, a curtíssimo prazo, a questão número um da humanidade e dominará de forma esmagadora o próximo século. O subdesenvolvimento que arrasta consigo a fome e a doença e potencial conflitos, parecerá uma questão menor quando se tornar claro que a vida na Terra está ameaçada em bloco. Para os problemas do subdesenvolvimento já se descobriram soluções, embora nem todos os países tenham meios para as pôr em prática. No dia em que existir um consenso mínimo relativamente aos problemas mundiais, quando o Homem perceber que trocou a vida no planeta por um capricho (seja a vontade de ter um carro mais sofisticado ou o desejo de adquirir no supermercado mais um produto dispensável), será provavelmente tarde para voltar atrás.” (Adaptado do artigo de José António Saraiva in Revista Expresso 30/5/92) 9

Conclusão

Já há muito tempo, numa pequena cidade japonesa, um homem comum teve uma experiência extraordinária. Todos os dias fazia o mesmo trajecto entre a casa e o trabalho, até que um dia deparou-se com um largo buraco negro à beira do caminho, que nunca tinha notado. Aproximou-se e, como não enxergava o fundo, atirou lá dentro uma pedra, para medir a profundidade em função do tempo da queda. Mas não houve ruído algum. Repetiu a tentativa com vários outros objectos, mas nada preenchia o buraco ou indicava sua profundidade. Intrigado, o homem fez uma última tentativa de entender aquele buraco, gritando para o seu interior: “Há alguém ai em baixo?” A única resposta que obteve foi o eco de sua própria voz. O homem saiu pelas ruas a divulgar o estranho fenómeno. Além da atenção dos curiosos, em pouco tempo o buraco passou a receber também sacos e mais sacos de lixo. Primeiro da vizinhança, depois de todo o bairro, da cidade e do país. Enfim, aquele misterioso buraco era a solução para o problema do lixo do mundo. Alguns meses depois, em seu caminho para o trabalho, o homem contemplava mais uma vez o milagroso buraco que descobrira, quando desabou sobre sua cabeça um gigantesco saco de lixo. Refeito do impacto, o homem olhou à sua volta e não viu ninguém, nem ouviu nada. Excepto uma voz distante, que parecia vir do céu: “Há alguém ai em baixo?”. Esta antiga parábola japonesa, aqui resumida, expressa de certa forma a história da percepção que a Humanidade tem do meio ambiente: um lugar de onde se extraem riquezas, mas desvalorizado em sua totalidade, mero pano de fundo para as actividades humanas, uma dimensão exterior ao homem, capaz de absorver de forma infinita tudo aquilo que não lhe serve. Nos anos 60, o mundo começou a descobrir que estava mergulhado numa crise ecológica. Vários tipos de contaminação, dos pesticidas aos resíduos nucleares, já comprometiam águas, solos e ar em escala planetária. A exploração dos recursos naturais também logo se mostraria acelerada demais. Foi então que cientistas, jornalistas a activistas em geral iniciaram a grande virada de consciência: o meio ambiente, que até então não era problema de ninguém, teria que passar a ser responsabilidade de todos. Essa virada ainda não se completou. E isso provavelmente levará ainda algumas décadas, como ocorre com toda grande transformação cultural. No entanto, é possível afirmar que a fase mais difícil desse processo já foi cumprida. Nos últimos trinta anos, uma massa impressionante de informações sobre a problemática ambiental foi gerada e reproduzida intensamente pelos média, pela literatura e pelas próprias pessoas. Existe hoje um considerável

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grau de conhecimento sobre o meio ambiente consolidado nas instituições e disseminado na opinião pública. Falta transformar esse conhecimento público em consciência individual. A média dos cidadãos ainda não tem a compreensão da abrangência que a questão ecológica alcançou no mundo moderno: saúde, emprego, alimentação, segurança, eficiência empresarial, energética e de transportes, qualidade de vida urbana e rural são conquistas previsíveis de uma sociedade que investe em meio ambiente. E só as novas gerações, com seus princípios ainda em formação, serão capazes de compreender a fundo a necessidade de se retirar a ecologia do segundo plano para tratá-la como questão prioritária. Por mais que Estado, empresas, imprensa e cidadãos tenham se aprimorado no exercício de suas responsabilidades para com o meio ambiente, a grande transformação cultural que pode livrar o planeta do colapso depende, do surgimento de uma nova mentalidade. Por conta disso, aqueles cujo ofício é justamente ajudar a fazer as novas cabeças, como os profissionais do ensino, têm hoje uma grande fatia da responsabilidade sobre o destino do meio ambiente mundial. A nova prática da responsabilidade ecológica e energética, para os dias de hoje e para as gerações futuras, começa em tentar incutir uma educação, onde a escola governo e até as igrejas tem um papel fundamental. A responsabilidade ecológica e energética deve determinar a acção não só ao nível pessoal, mas também aos níveis político e económico. Segundo os critérios de desenvolvimento sustentável, é sempre importante poupar energia, criar e utilizar formas de energia renováveis. Uma comunidade sustentável é geralmente definida como aquela capaz de satisfazer as suas necessidades e aspirações sem reduzir as probabilidades afins para as próximas gerações. Esta é uma exortação moral importante. Lembra-nos a responsabilidade de transmitirmos aos nossos filhos e netos um mundo com oportunidades iguais as que herdamos. Entretanto esta definição não nos diz nada a respeito de construirmos uma comunidade sustentável. O que nós precisamos é de uma definição operacional de sustentabilidade ecológica. A chave para tal definição operacional é a consciencialização que não precisamos inventar comunidades humanas sustentáveis a partir do zero, mas que podemos modelá-las seguindo os ecossistemas da natureza, que são as comunidades sustentáveis de plantas, animais e microorganismos. Uma vez que a característica notável da biosfera consiste em sua habilidade para sustentar a vida, uma comunidade humana sustentável deve ser planejada de forma que, suas formas de vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologias não venham a interferir com a habilidade inerente à Natureza ou à sustentação da vida.

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Bibliografia

NÁPOLES, Anabela Metelo de & BRANCO, Maria do Carmo, Técnicas Laboratoriais de Biologia Bloco III, Didáctica Editora, Lisboa, 2002, pp.187-203.

AAUV, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira – Atlas Geográfico, Editorial Enciclopédia, Lda, Lisboa Rio de Janeiro, s/d, pp. 32-33.

AAUV, Geografia Universal 1 – O Mundo, Resomnia Editores, Barcelona (Espanha), 1989, pp. 146-147.

AAUV, Grande Enciclopédia Luso e Brasileira, Editorial Enciclopédia, Ltd, Lisboa Rio de Janeiro, 1987, pp. 315-333.

www.google.pt/

www.serrano.neves.nom.br

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