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Teorias Da Comunicação

In: Social Issues

Submitted By inha05
Words 12687
Pages 51
Teorias da Comunicação 1.1 Linguagem, língua, fala e discurso – Bibliografia: Júlia Kristeva – História da Linguagem; Adriano Duarte Rodrigues - Comunicação e Cultura; Introdução - A linguagem é um objecto de reflexão específico há vários anos, mas a ciência linguística é muito recente. - Uma das mais importantes características da nossa época é a concepção da linguagem como “chave” do Homem e da história social, como via de acesso às leis do funcionamento da sociedade. Hoje, a linguagem, cuja prática o Homem sempre dominou, é isolada e “colocada à distância” para ser captada enquanto objecto de conhecimento particular. - A relação do sujeito falante com a linguagem conheceu duas etapas: primeiro, pretendeuse conhecer o que já se sabia praticar (a linguagem), ou seja, obrigou-se o falante a dizer o modo como diz, o que permitiu ao Homem não se considerar já como entidade soberana mas analisar-se como um sistema falante na linguagem. Em seguida, projectou-se o conhecimento científico da linguagem sobre o conjunto da prática social. Linguagem… - Cada época e cada civilização vê a linguagem em função dos moldes (crenças, ideologia…) que a constituem a si própria. Assim, actualmente, são as visões da linguagem como sistema e os seus problemas de funcionamento que predominam. Linguagem, fala, língua, discurso… - Independentemente da época ou civilização, a linguagem é tomada como um sistema extremamente complexo. - Vista do exterior, a linguagem reveste-se de um carácter material diversificado: é uma cadeia de sons articulados, mas também uma rede de marcas escritas (uma escrita) ou um jogo de gestos (uma gestualidade). Por isso, ela produz e exprime aquilo a que chamamos um pensamento. A linguagem é simultaneamente o único modo de ser do pensamento, a sua realidade e realização. - Parece impossível afirmar a existência de um pensamento extralinguístico. A noção de linguagem é hoje alargada de forma a englobar aquilo que à primeira vista parece escaparlhe. Por isso, evita-se afirmar que a linguagem é o instrumento do pensamento. - A linguagem é a matéria do pensamento e o elemento da comunicação social. Não há sociedade sem linguagem, tal como não há sociedade sem comunicação. Tudo o que s produz como linguagem tem lugar na troca social para ser comunicado. A linguagem produz e comunica um pensamento. - A linguagem é um processo de comunicação de uma mensagem entre dois sujeitos falantes pelo menos, sendo um o destinador ou emissor, e o outro, o destinatário ou receptor. E cada sujeito falante é simultaneamente o destinador e o destinatário da sua

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própria mensagem, visto que é capaz de ao mesmo tempo emitir uma mensagem decifrando-a e em princípio não emite nada que não possa decifrar. A mensagem destinada ao outro é destinada em primeiro lugar ao mesmo que fala: falar é falar-se. Do mesmo modo, o destinador só decifra na medida em que pode dizer aquilo que ouve. - A linguagem constitui uma realidade material que, participando do próprio mundo material, não deixa por isso de levantar o problema da sua relação com aquilo que não é linguagem, isto é, com o exterior, que existe sem a linguagem apesar de não poder ser nomeado sem ela. - A linguagem tem uma história que se desenrola no tempo. Diacronicamente, a linguagem transforma-se durante as diferentes épocas, sincronicamente, tem regras precisas de funcionamento, uma estrutura determinada e transformações estruturais que obedecem a leis estritas. Por isso, como Ferdinand Saussure observou “ a linguagem é multiforme e heteróclita”. - Segundo Saussure, podemos distinguir a parte língua no conjunto da linguagem, e esta é a sua “parte social”, exterior ao indivíduo, obedecendo às leis do contrato social que é reconhecido por todos os membros da comunidade. A língua resulta de uma associação de uma imagem auditiva a um conceito. - Diferente da língua que só existe perfeitamente na massa, a fala é um acto individual de vontade e inteligência. Na verdade, e apesar da divisão do estudo da linguagem, as duas pontes são inseparáveis pois para que a fala se produza, a língua é necessária anteriormente, mas ao mesmo tempo não há língua em abstracto sem o exercício da fala. Por isso, são necessárias duas linguísticas inseparáveis: linguística da língua e linguística da fala. - O discurso é um termo que designa de um modo rigoroso, e sem ambiguidade, a manifestação da língua na comunicação. Implica a participação do sujeito na sua linguagem através da fala do indivíduo. A língua comum a todos torna-se o veículo de uma mensagem única. E, paradoxalmente à fala ou á história, o termo “discurso” designa qualquer enunciação que integre nas suas estruturas o locutor e o auditor, com o desejo do 1º influenciar o 2º. Signo linguístico - A linguagem simboliza, representa, nomeando-os, os factos reais. E o signo dirige-se a alguém e evoca para ele um objecto ou facto na ausência desse objecto ou facto. Ainda, ele parece estabelecer uma relação de convenção ou contrato entre o objecto material representado e a forma fónica representante. - Na teoria de Pierce, o signo é uma relação triádica que se estabelece entre um objecto, o seu representante e o interpretante. Pierce classificou os signos em 3 categorias: ícone (relação de semelhança com o objecto), o incide (com qualquer coisa de comum com o objecto) e o símbolo (refere-se a um objecto que ele designa). - Para Saussure, o signo é uma realidade psíquica com duas faces, sendo uma, o conceito (significado) e a outra, a imagem acústica (significante).

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Para Saussure, o signo linguístico é definido pela relação significante-significado, sendo que a linguística não se ocupa do referente, apenas se interessa pelo significante, pelo significado e pela sua relação. - O signo é arbitrário, ou seja, não há nenhuma necessidade natural ou real que ligue o significante e o significado. A sua relação é imotivada. - A palavra, concebida como entidade indivisível e valor absoluto, torna-se suspeita aos olhos dos linguistas e deixa de ser, hoje em dia, o apoio fundamental da reflexão sobre o funcionamento. Assim Martinet propõe a substituição da noção da palavra “sintagma”. - A teoria do signo constrói-se sobre a dominância do conceito como interpretante material dos elementos da linguagem. Portanto, não há linguagem no exterior do conceito visto que o conceito enquanto significado constrói a própria estrutura do signo. - A noção de arbitrário do signo foi posta em causa por um exame crítico: é a relação do símbolo de linguagem na sua totalidade com o exterior real que ele simboliza que é arbitrário. - A linguística moderna vai mais longe que Saussure, “dessubstancializa” a língua e representa a significação como o resultado de um processo de transformação sintáctica que engendra frases.

Processo de Comunicação Linguística Mensagem Destinador Mensagem Destinatário Destinatário Mensagem Destinador

“FALAR É FALAR-SE” O que é da ordem dos patamares: Interpessoal -» falar de si próprio Intra-pessoal -» falar a si próprio Linguagem (definições) - qualquer sistema significante que permita comunicar um sentido; é uma forma de mediação simbólica – que não é da ordem da Natureza (in Comunicação e Cultura) - É a linguagem que mediatiza a nossa relação ao Mundo. Os signos não só representam o Meio Ambiente (Realidade) como intervêm também na sua elaboração, convertendo-o numa realidade especificamente cultural (ou Humana) naquilo que designamos “o nosso Mundo”. Ou seja, não se pode pensar sem a linguagem. A linguagem não é um mero martelo!

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Exemplos de tipos de linguagem: analógica (utilizada entre animais); humana (utilizada entre os seres humanos) Linguagem especificamente humana - VERBAL (por vezes omitimos o facto de ser verbal; referimo-nos a este tipo de linguagem como “ A LINGUAGEM”); - Características:  Surge como um código (alguma coisa que é comum a todos os que o utilizam);  Como surge a linguagem (há dois pontos de vista): - Ponto de vista de cada indivíduo (ontogenético) – situa-se por volta dos 2, 3 anos… - Ponto de vista da espécie humana (filogenético) – invenção alfabeto -» através das 23 letras do alfabeto formamos palavras e comunicamos  Sistema de representação que funciona de forma abstracta – falar das coisas quando elas não estão presentes (substituir a coisa pela palavra que a designa)  Constitui-se como um signo que nos remete para uma ideia (que é abstracta) comum. Ex: marcador – de várias marcas (pela sua generalidade pode ser aplicado uma pluralidade de objectos concretos e específicos)

- Como funciona a Língua? -» Proposta da Linguística A linguagem é uma forma de mediação simbólica – IN COMUNICAÇÃO E CULTURA (pág. 38) A linguagem não é da ordem da Natureza - É a linguagem que mediatiza a nossa relação ao Mundo. Os signos não só representam o Meio Ambiente (realidade) intervém também na sua elaboração convertendo-o numa realidade especificamente cultural (ou Humana) naquilo que designamos o nosso Mundo. - A própria linguagem e signos elaboram a nossa própria concepção sobre a realidade (mundo Humano), ou seja, não se pode pensar sem a linguagem. Ideia de Língua – objecto cultural, Instituição social, convenção - O que é a linguagem?  Visão Teológica: qual a origem? Até ao século XVIII  Visão Historicista: séc. XIX

Abordam a língua numa perspectiva diacrónica (evolução da língua através do tempo – séc. XIX)

Perspectivas da linguagem Verbal:

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 Filologia: surge nos finais do séc. XIX. Tem uma perspectiva histórica, procurando a origem etimológica de cada palavra, mas sempre no plano escrito. Aparece com Mauro Wolf. Estuda a evolução semântica das palavras.  Gramática: procura saber quais as normas, as regras que determinam uma língua em particular. A gramática comparada surge no início do séc. XIX (Boop) - A gramática não dá resposta à pergunta “O que é a linguagem?; como é que a língua se constitui como um código comum?” Deve-se então reformular a pergunta: “Como é que a linguagem pode ser pensada?” Saussure faz uma viragem na abordagem do estudo da Linguagem. Segundo ele deve-se pensá-la segundo uma perspectiva sincrónica e não diacrónica.

Opera um corte, dando conta de que a língua funciona como um sistema em que há coisas que perduram, que são imutáveis. Há um sistema que orienta todas as línguas alfabéticas. Diferencia-se de todas as outras disciplinas. Linguagem -» Língua -» Fala

Saussure opera a distinção entre língua e fala, apesar de serem inseparáveis, Esta distinção entre linguagem, língua e fala é um artifício de Saussure de modo a conseguir caracterizar cada um isoladamente.

- A língua vai constituir objecto de uma nova disciplina: a linguística. - A linguística vai entrar em ruptura com as abordagens anteriores. A linguística pensa na língua como sistema e para isso tem de se abstrair da fala. O que se divide é o estudo da linguagem verbal, não a fala e a língua. - Nunca se poderia estudar a língua a partir das materialidades, dos discursos dos sujeitos falantes. - A linguística quer trabalhar os universais linguísticos. Trabalha o que é comum a todas as línguas alfabéticas e preside ao facto de o Homem ser um ser de Linguagem. Atribui a determinado significante um significado. A linguística constrói um sistema de signos. Estuda a língua no seu aspecto formal. Pode-se falar em algo que existe realmente (cadeira, mesa…). Estamos a falar de algo que é exterior à linguagem. Mas a palavra “mesa” é arbitrária uma vez que não há nada que justifique que a mesa tem de se chamar mesa. Este facto estabeleceu-se pela convenção social. Do mesmo modo, a linguagem não se refere apenas a coisas materiais, realmente existentes. Também falamos de coisas inexistentes: unicórnio, fantasmas… - Saussure só pensa na linguagem verbal e é só este o seu objecto de estudo. A sua tradição é europeia pois ele é suíço. Foi ele que criou a linguística e propôs a semiologia, que seria uma disciplina que viria a estudar as outras linguagens. - Peirce cria a semiótica para o estudo dos signos. Na actualidade pensamos a semiologia como uma disciplina mais geral e a semiótica como uma semiologia mais particular, mais particular, mais aplicada. Peirce é americano, logo a sua tradição é diferente de Saussure.

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Partilha do campo de comunicação

Linguística Linguagem Verbal

Ritos simbólicos Linguagem gestual Imagem Espaço Interpessoal Postura…

Semiologia - Proposta de Saussure  O que Saussure não previa é que a linguagem gestual, por exemplo, não podia ser estudada segundo a base arbitrária do signo. “Só a linguagem verbal é que pode falar sobre as outras e falar sobre si própria”  Nós como seres humanos tendemos sempre a traduzir as outras linguagens para a linguagem verbal e é com esta que pensamos, apesar de as outras linguagens se constituírem de forma autónoma. Linguagem Verbal

Semiologias | Semióticas: gestual, ritos simbólicos, imagem, artes plásticas…

Proposta de Rolaud Bartles (Saussure) Linguagem – Língua – Fala

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Objecto da Linguística: Língua

É uma ciência recente (surgiu em 1916 através do Curso da Linguística Geral) sendo que a 1ª vez que é usado o termo “linguística” é em 1816 “Eu vou estudar os signos linguísticos” – Saussure Como a Semiologia surgiu como Escola? - Em Paris, através da Escola Semiótica – tenta aplicar a todas as linguagens práticas e humanas a linguística (surge nos anos 60/70). Língua e Fala – são inseparáveis e articulados. Ninguém fala sem que exista um código (que é a Língua) prévio que aprendeu. Distinção entre Língua e Fala:  Estudo da Língua: como a língua funciona como código?  A Fala é extra-linguística (está fora do campo de análise da linguística)  O que é a Fala? Enquanto a Língua é da ordem do social, é anónima (é de todos e de ninguém), a Fala é individual e designa o próprio acto de falar (de natureza física) e para referir as combinações individuais que cada indivíduo formula usando a língua. - O estudo da Língua é feito pela Linguística. - Saussure avança com a hipótese de se constituir uma Linguística da Fala que se dedicasse somente ao estudo da Fala. - O Nível de Análise que explica como a linguagem é usada: o Sintáctica o Semântica o Pragmática - Hoje em dia o Discurso vem substituir a ideia da Fala.  O discurso é a forma como cada sujeito (indivíduo) apropria de forma subjectiva, própria e específica os conceitos da língua Fala – Discurso Indivíduo – Sujeito - No discurso, a Língua comum a todos torna-se veículo de uma mensagem única (original, específica de cada um) - No discurso falamos de sujeitos concretos que transparecem na sua Fala a forma como se apropriam da Linguagem. - Linguística da Fala -» Pragmática da Linguagem: centra-se relativamente à Linguagem Verbal (1º Capítulo do texto da Júlia Kristeva) - A Língua:  É da ordem do Social  É uma Instituição de natureza informal  Tem um carácter de Lei  É uma herança, um património

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- Sempre que a Língua é usada, é transformada; ao nível da Fala às vezes subvertemos a Língua – quando é feita de propósito falamos, por exemplo, do estilo dos escritores, falamos da Literatura; quando não é feita de propósito falamos, por exemplo, dos erros da Língua. - Apesar da Língua evoluir, há sempre algo que é absolutamente imutável que permite diferenciar uma Língua das outras existentes – no circuito da Fala e da Audição nós situamos a Língua no momento em que ligamos uma imagem acústica a um conceito -» perspectiva formal 1.2 O signo em Saussure e Peirce – Bibliografia: História da Linguagem – Júlia Kristeva - Saussure vai criar 2 conceitos para estas 2 ideias:  Imagem acústica que se designa por significante  Conceito que se designa por significado - O significado é a palavra que define o conceito - O significante é uma imagem acústica que temos da sequência fónica. Não é um som em si mesmo mas a marca psíquica desse som, a representação que dele nos é dada pelo testemunho dos nossos sentidos (materialidade) - Quando queremos referir o conceito pomos entre aspas “árvore”; quando nos referimos à imagem acústica pomos entre parênteses rectos|árvore|. Estes dois conceitos constituem o signo. - Se não houver uma imagem acústica associada a um conceito, não há signo. O signo é uma espécie de 2 em 1. Ex: “ Noreva”. Se só houver um deles (imagem acústica), nem sequer se pode chamar significante pois ela não é sequer nenhum signo.
Significante Significado Conceito Imagem acústica

A relação de significação é o que constitui o signo e que me permite associar a um significante um significado. - O conceito de signo não corresponde necessariamente à noção de palavra. O signo é dado de imediato; unidades mínimas de significação que são dadas como um todo (signo). - O signo é arbitrário (facultativo) = a relação de significação é arbitrária. É uma ilusão acreditar que o signo linguístico associa uma coisa a um nome, uma palavra a um objecto. A ligação que o signo estabelece é entre o conceito e a imagem acústica. O signo constitui-se de forma autónoma da realidade tal como os signos significam de forma autónoma aquilo a que se referem. Daí serem arbitrários. - Se uma sequência fónica não tiver significado em determinada Língua não constitui um signo. É uma unidade psíquica com 2 faces. - O signo é arbitrário porque:

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o o o

Tem uma razão imotivada É uma convenção É imposto a todos os utentes da mesma língua

Falar do facto do signos serem arbitrários não quer dizer que os significantes possam ser escolhidos arbitrariamente por um acto voluntário individual e que por isso possam ser alterados de modo igualmente arbitrário.

Linguagem – Pensamento – Comunicação - Pelo contrário o facto do signo ser arbitrário quer dizer normativo, válido e obrigatório para todos os sujeitos que falam a mesma Língua. - O signo é-nos dado de imediato e mesmo quando há ruído, o código age perante o ruído de forma a conseguir-mos decifrá-lo. Críticas de Benveniste que foram feitas a esta proposta de Saussure (no sentido de a aperfeiçoar):
 Saussure diz que o signo se constitui de forma autónoma face àquilo que representa. 

Como Saussure estava empenhado em dizer que o que constitui o signo é a relação de significação e não a de representação (perspectiva de Peirce)

(semelhança entre a coisa a que se refere e o signo) Contrariedade: a excepção à arbitrariedade do signo – onomatopeias. A relação motivada entre o verbo “miar” e o som emitido pelo Gato. signo referente (relação de representação)

- A língua não é uma nomenclatura, ou seja, a língua não nasce da relação entre as coisas e os nomes, as coisas e as palavras. Se assim fosse, o que tínhamos era um inventário. - A relação mão se faz com objectos concretos e particulares da realidade, mas com referentes construídos pela própria linguagem. Ex: sereia. Signo que tem referente mas não se refere a coisas reais. Saussure - pensa só no Signo Linguístico – Como é que os signos significam? Peirce – pensa essa questão de forma mais global Signo para Peirce: “ Um signo ou representamen é uma coisa qualquer que está em lugar de outra coisa qualquer sob um aspecto ou um título qualquer. Dirige-se a alguém e cria no espírito dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido”. A este signo que ele cria dá-se o nome de interpretante do 1º signo. REPRESENTAMEN SIGNO

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INTERPRETANTE

OBJECTO

- Este signo (representamen) está em lugar de qualquer coisa: do seu objecto. Está em lugar desse objecto não sob todos os aspectos mas em referência a uma espécie de ideia a que por vezes se dá o nome de fundamento do representamen. Na teoria de Peirce o signo é uma relação triádica que se estabelece entre o representamen/objecto/interpretante. O interpretante é uma espécie de base sobre o qual se instaura a relação objecto/signo e corresponde à ideia no sentido platónico do termo. O signo não representa todo o objecto mas apenas uma ideia dele.

- Peirce propôs definir-se 3 categorias:  Índice ou indício  Ícone  Símbolo o Índice - Não se parece com o objecto mas é afectado por ele no sentido em que tem qualquer coisa de comum naquilo a que podemos dizer que tem uma certa continuidade. Ex: a impressão digital deixada no local é o índice de que aquela pessoa esteve lá; estabelece apenas uma relação causa – efeito; indício - suspeita

o Ícone - Tem qualquer coisa em comum que relaciona o signo com o objecto é da ordem da semelhança. Ex: fotografia, desenho, imagem;

Relação de Representação - Continuidade representado - Semelhança baseia-se na motivação entre o signo e objecto

o Símbolo - Baseia-se num carácter de relação que está próxima de “LEI”. Pode à partida implicar uma motivação. O que conta no símbolo é tudo aquilo que foi convencionado, que tem natureza arbitrária (aquilo que o distingue do índice e do ícone. Ex: branco – cor da paz)  Signos linguísticos O que coexiste nas 2 propostas (de Saussure e Peirce) - Linguagem - Signos - Sistemas de

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Representação Ex: Nunca se pode confundir o referente dos signos com a realidade tal como ela existe - A linguagem institui-se como uma realidade humana. Existe uma autonomia entre a linguagem e a realidade por ela designada. Enquanto o pensamento mágico tende a confundir as coisas designadas com as palavras que a designam, o pensamento racional tende a autonomizar estas 2 esferas. Já os Gregos e os Estóicos diziam “ a palavra cão não morde”. Apesar disso, o pensamento mágico atravessa a concepção espontânea que temos da linguagem, mesmo hoje em dia.

1.3 As dimensões da linguagem: referencial/designadora, manifestadora, sígnica e seus critérios de validade discursiva – Bibliografia: texto 4 da Introdução à Semiótica – Ponto 3: Referência, Manifestação e Significação de Adriano Duarte Rodrigues; - A linguagem articula estas 3 dimensões e, de acordo com a dimensão da linguagem determinante, estamos perante diferentes critérios de validade. - Entre as coisas e o estado das coisas que envolvem a experiência do Mundo e os signos que os referenciam, não existe coincidência mas uma relativa autonomia a ponto de poderem contradizer-se. Por isso, dizemos que é mais fácil mentir verbalmente. A linguagem tanto diz a verdade como a mentira. - Entre as palavras e as coisas existe uma distância incontornável: tanto podemos designar de maneiras diferentes a mesma realidade como referencial como o mesmo signo, como realidades diferentes. Podemos até designar coisas inexistentes (que não existem enquanto realidade mas que existem como referente da linguagem – Ex: unicórnios; sereias – Possuem um referente mas não designam objectos reais ) Estes exemplos são possíveis porque não é a realidade natural e física que determina a referencialidade e a natureza dos signos, mas a sua realidade cultural construída pelo homem em função da sua realidade com o mundo. Surgem assim dois conceitos distintos:  Realidade  Referente – tudo o que dizemos na e pela linguagem A realidade (o que existe no Mundo) é mudada se não for objecto da linguagem. Enquanto objecto da linguagem ela parece eternamente moldada pela linguagem que dela fala. O referente é ele próprio construído pela acção do discurso que lhe confere uma existência real, mas distinta da realidade extra-linguística.

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Dimensões da Linguagem - A linguagem é um mapa e não um decalque. 1. Dimensão Designadora ou Referencial – consiste na relação da linguagem com as coisas ou estado das coisas exterior. A linguagem refere-se ao que é. Relação da Representação: O signo está para presentificar a “coisa” ausente Critério de validade: verdadeiro/falso 2. Dimensão Manifestadora – trata-se da ligação da linguagem ao sujeito que fala e se exprime Discurso: Existe sempre um sujeito de enunciação (estratégias discursivas/de enunciação) Critério de validade: dizer verdade/ mentir – sinceridade, convicção, desejo, crença 3. Dimensão sígnica – Estabelece a relação dos signos linguísticos aos conceitos universais e gerais e as suas ligações sintácticas. É da ordem do sistema da língua Relação de significação: argumentação ficção verosímil

Significante = imagem acústica Significado conceito Critério de validade: condição de possibilidade no sistema da língua. Existe ou não existe no sistema da língua. “Condição de verdade”/absurdo: o que não tem significação, o que não pode ser verdadeiro nem falso. - As coisas existem para nós na medida em que nós as podemos representar, independentemente de elas existirem ou não. - Existe realmente uma autonomia e uma distância entre a linguagem e a realidade que essa linguagem designa. E a compreensão desta autonomia marca uma das viagens mais importantes do pensamento na história da Humanidade, porque abre o pensamento para um processo de abstracção. - Enquanto o pensamento mágico tende a confundir as coisas designadas com as palavras que as designam, o pensamento racional autonomiza estas 2 esferas. - Ao mesmo tempo, o pensamento mágico atravessa hoje em dia a concepção espontânea que temos na linguagem, ou seja, a crença que temos da referencialidade é inevitável no uso espontâneo que fazemos da linguagem, mesmo que racionalmente saibamos que entre as palavras e as coisas existe uma distância intransponível. - Entre as coisas e o estado das coisas que envolvem a experiência do mundo e os signos que as referenciam, não existe coincidência mas uma relativa autonomia a ponto de

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poderem até contradizer-se. Tanto podemos designar de maneiras diferentes a mesma realidade, como podemos com o mesmo signo referenciar realidades diferentes. Podemos até designar coisas inexistentes. - Esses signos existem porque não é a realidade natural e física (realidade) que determinam a referencialidade e a natureza dos signos, mas a sua realidade cultural construída pelo Homem em função da sua relação com o Mundo. A linguagem relaciona 3 pólos Referente / Sujeito / Língua Construído pelo seu próprio discurso 1. Dimensão designadora ou referencial – capacidade da linguagem de designar ou indicar as coisas e os estados das coisas existentes; consiste na relação da linguagem em que o signo está para presentificar a coisa ausente (Relação de Representação) Signo -------------- Representação - Critério de validade: é verdade ou é falso? - Podemos ou não mentir - Facto concreto que se pode constatar: Está a chover! 2. Dimensão manifestadora – capacidade da linguagem de exprimir as diferentes maneiras de nos relacionarmos com as coisas. Trata-se da ligação da linguagem ao sujeito que fala e se exprime - Critério de validade: dizer verdade/mentira - É hipotético: Eu acho que vai chover!! - Existe sempre um sujeito de enunciação 3. Dimensão sígnica ou simbólica – tem a ver com a relação de significação que constitui o signo. Tem a ver com a capacidade da linguagem de abstracção e de construção de conceitos gerais e das suas ligações sintácticas que são pertinentes. Ex: Pode-se falar das sereias, apesar de não existirem na realidade real. O importante é saber se existe ou não no sistema da língua. Aqui não interessa a validade A dimensão sígnica estabelece-se no quadro do funcionamento da língua e nas possibilidades da sua utilização. Esta dimensão não se esgota na operação de significação do signo linguístico mas, ela supõe mais do que isso e estende-se às relações de implicação e de conclusão. Ou seja, pressupõe a remetência para “se…então”, ou seja, intervém como elemento de uma demonstração que, não se deve estender no sentido restrito da lógica formal mas mais amplo que integra a asserção probabilística. Não há precedência absoluta de nenhuma das dimensões sobre as outras. Quanto muito cada uma precede as outras segundo o princípio da circularidade. Nas situações comunicacionais concretas temos que avaliar e saber com precisão qual o ponto do contínuo circular que está em jogo para saber a pertinência do critério de validação a adoptar.

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1.4 Concepções referencial e simbólica da linguagem. A dimensão interlocutiva – Bibliografia: Prefácio 1, 2, 3, 4 do módulo 2 e página 33 da Introdução; Partitura invisível – Adriano Duarte Rodrigues; O homem na linguagem - Benveniste Concepções que explicam a linguagem - Referencial - Simbólica Privilegiam de forma diferente as 3 dimensões da linguagem Concepção Referencial A linguagem tem sentido pelo facto de que quando falamos designamos coisas, objectos, pessoas, factos, estados, ou seja, designamos o Mundo. As palavras são como etiquetas que colamos nas coisas a que nos referimos. Esta concepção é afirmada pelo neopositivismo ou positivismo lógico, a partir de 1923 pelos autores do Círculo de Viena. É nas actas do congresso Internacional de Filosofia publicadas em 1936, que encontramos expostas as principais propostas do positivismo lógico. A partir de 1930, com a chegada de Hitler ao poder, grande parte dos filósofos emigraram para os EUA e países nórdicos. Dois tiveram grande projecção. Para esta perspectiva, os eventuais problemas da linguagem e da comunicação, as dificuldades de entendimento entre os interlocutores resultariam do facto de empregarmos vários nomes para designar um mesmo objecto, e de utilizarmos um mesmo nome para designar objectos diferentes. Esta plurivocidade é uma deficiência das linguagens naturais, ou seja, imprópria para a formulação de proposições unívocas. Para a concepção referencial a linguagem é um sistema de correspondências entre as palavras e o Mundo e a fala desempenha uma função predominantemente instrumental, é o meio pelo qual o Homem designa o MUNDO. (Esta concepção não é razoável!!!) Concepção Simbólica Sublinha a autonomia em relação à dimensão referencial por considerar que a presença do Homem ao Mundo não é imediata mas mediatizada. Antes de poder desempenhar uma função referencial a linguagem desempenha funções de significação e expressivas/manifestadoras. Para a concepção simbólica não são os objectos da realidade que são designados pela linguagem, mas os conceitos que a eles se referem. É por isso que podemos representar vários objectos diferentes por uma mesma palavra tal como podemos representar um mesmo objecto por diversas palavras. A plurivocidade não é um problema mas sim a maneira normal de significarmos, de construirmos sentidos diferentes para o Mundo que nos rodeia. Falamos de forma diferente da mesma coisa porque nos relacionamos com ela de formas diferentes. Cada indivíduo que fala é um sujeito. As palavras não são simples etiquetas unívocas que colam uma realidade singular. As palavras são construções mentais de natureza cultural destinadas a mediatizar a relação do Homem com o Mundo Concepção Referencial: função designadora ou referencial Concepção Simbólica: função sígnica e manifestadora

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Questões que nenhuma concepção consegue responder: Dimensão Interlocutiva: MUNDO – HOMEM - LINGUAGEM A linguagem antes de mais é uma prática discursiva. A linguagem está inscrita numa prática de troca de interlocutores. Esta relação onde se articulam (mundo/homem/linguagem) é uma realidade a que se chama dimensão interlocutiva da linguagem. Esta dimensão não é redutível a qualquer daquelas três dimensões pensadas de forma isolada. Para a dimensão interlocutiva nem o Homem, nem o Mundo, nem a Linguagem são entidades singulares, ou seja, quando falamos cada um de nós relaciona e fala de uma multiplicidade de mundos. Ter uma concepção não redutora da linguagem implica que consideramos também a dimensão interlocutiva, a multiplicidade de linguagens, de interlocutores e mundos. Definição de Dimensão Interlocutiva – relação de troca de discursos, entre homens situados num espaço específico de interlocução. A diversidade de sentidos, a pluralidade de significações apresenta como característica notável o facto de ser um confronto de linguagens. Este espaço apresenta-se como um espaço agonístico (ou seja, LOGOMAQUIA) – espaço de confronto do discurso Área da pragmática da linguagem – estuda os usos da linguagem (relaciona linguagem/acção) Dimensões da pragmática  Indexical e enunciativa – questões do referente e do sujeito  Axional – trabalha a linguagem enquanto acção  Inferencial – estudo dos processos inferenciais (implicitação e pressuposição) Realidade/ Mundo/ Referência Designamos por perspectiva indexical o estudo dos processos utilizados pelos sujeitos para se referirem ao mundo. Por mundo entendemos o que os locutores designam ou a que se referem quando falam. O referente é, por conseguinte uma realidade do discurso ou uma construção da linguagem. A realidade é o que pressupomos como existente, mas exterior ao que podemos dizer. Nós só podemos designar aquilo que a linguagem permite referir (mundo referencial), quer exista no mundo das ideias (beleza, liberdade, fidelidade), quer exista no mundo imaginário ou ficcional (unicórnio, sereia) como referentes.

Pragmática indexical e enunciativa “MUNDO” Mundo Experenciado Realidade Extra-linguística

Linguagem

Mundo das ideias Mundo ficcional ou imaginário

Realidade é o que pressupomos como existente Referente Real

Referente é uma construção da linguagem

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O que podemos designar com a linguagem constitui o MUNDO (que encerra o conceito de referente – pode ser referido de forma diferente por cada sujeito)

Linguagem - enunciados – referente – referência - discursos – sujeito da enunciação – enunciação O “mundo” é construído pelo processo de referência. Não devemos entender este processo como um mero processo de codificação e descodificação que ocorre entre pessoas. Esta noção é demasiado simplista. Processo de referência – locutor vs alocutário

Processo de Referência B A Referente Significado Significante

Este esquema é demasiado simplista: O processo de referência não é um mero processo de codificação e descodificação entre indivíduos; Referente e Linguagem não são exteriores aos sujeitos O processo de referência implica as noções de sujeito e discurso Discurso – sujeito - Sujeitos de interlocução: locutor e alocutário A referência é uma realidade discursiva e implica os sujeitos de enunciação; remete para a subjectividade da noção de sujeito; fazemos referências diferentes ao mesmo referente porque somos diferentes; o discurso também varia em função do alocutário. Sabemos que existe uma relação intrínseca entre mundo, pensamento e linguagem. Ou seja, sabemos que a relação entre língua e experiência do mundo é de natureza circular. Apesar de podermos designar tudo aquilo que experenciámos só podemos experenciar aquilo que somos capazes de designar, daquilo que se pode dizer. O processo de referência é o processo discursivo, aquilo que implicamos quando falamos com os outros. Este processo dá conta da forma como os interlocutores se referem ao mundo nos seus discursos. Uma mesma realidade pode ser referenciada de forma diferente consoante sujeitos diferentes. É a esta orientação discursiva que chamamos referência – implica a ideia de sujeito particular. Existem várias modalidades de referência. Não é um processo uniforme, apresenta grande diversidade. Várias modalidades de referência

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- A referência não é um processo uniforme. Apresenta uma grande diversidade de modalidades. Referência Social Quando o locutor se dirige a pessoas não pode deixar de referir a natureza dessa relação (interlocução verbal). Ex: Sr, Dr, Vossa Excelência, Tu, Você Referência absoluta Um enunciado possui uma referência absoluta quando não precisamos de o relacionar com nenhum outro referente para identificar aquilo a que se refere para além daquilo que ele diz. Ex: rapariga morena; Lisboa fica a 2000 de Paris São enunciados que nos colocam afirmações que valem por sim

Não se pode confundir referência absoluta com referência objectiva  Referência relativa Acontece sempre que a determinação daquilo a que o locutor se refere varia em função da relação que o seu enunciado estabelece com a situação enunciativa. Nestes casos também podemos designar de referência relativa díctica (manifestação ou indicação) Díctico: do grego que significa manifestação ou indicação  São unidades verbais que ancoram os enunciados à situação enunciativa, como por exemplo: eu, tu, aqui, agora, hoje em dia  São indicadores que organizam relações espaciais e temporais à volta do sujeito de enunciação tornado como ponto de referência. Um díctico é um signo vazio que só se preenche no momento em que está a ser usado  Possui uma referência relativa, isto é, a identificação do referente varia de cada vez em que alguém os enuncia

(Benveniste) A primeira pessoa do verbo não se refere a nenhum indivíduo fixo e determinado uma vez por todas, mas ao indivíduo que os enuncia. Os sujeitos falantes podem usar expressões linguísticas ou unidades verbais em que a referência não é invariante mas dependente do próprio processo da enunciação. É “eu” quem diz “eu”. Podemos usar os dícticos para nos referirmos às instâncias discursivas: locutor, alocutário, lugar, tempo São elementos fundamentais, sem os quais o discurso não tem sentido. Esta referência díctica pode também referir-se ao próprio processo de enunciação no seu conjunto. Ex: Esta conversa já vai longa Os dícticos permitem-nos referenciar qualquer instância discursiva ou o próprio processo no seu conjunto. Referência Metalinguística 1º “Eu” moro em Lisboa. “Eu” é a primeira pessoa do pronome pessoal do sujeito - 17 -

1ª frase o “eu” refere-se a um locutor. É marcada pela subjectividade do sujeito da enunciação. Temos a mesma unidade verbal, mas não usamos com o mesmo objectivo. Na 2ª frase o “eu” refere-se á própria palavra “eu”. Designamos por metalinguística este tipo de referência quando utilizamos a linguagem para se representar a ela própria. A referência metalinguística torna opaca a utilização de certas unidades verbais. Não as utilizamos como termos transparentes (um signo é uma coisa que remete para outra) mas para fazer menção desse termo, portanto com valor auto-reflexivo. Utilização da Linguagem Tipo de Referência/ Ocorrência de Unidade Lexical Eu… Transparente “Eu” Metalinguística Valores de representação

Transparente Opaca

Referencial Auto-reflexivo

Factores de representação da linguagem e seus valores A linguagem pode:  Representar o mundo  Representa-se a si própria  Ser referencial  Ser auto-reflexiva Tese de dupla referencialidade (processo de Enunciação) A linguagem tem a capacidade de representar (dimensão referencial) coisas do Mundo com a possibilidade de se representar (dimensão sígnica) a si próprio. A linguagem comporta também a dimensão manifestadora. Tem capacidade de representar o próprio processo de enunciação incluindo as instâncias discursivas (locutor, alocutário, tempo, lugar), através das unidades verbais a que chamamos DÍCTICOS. Por isso, dizemos desta função que tem valores dícticos ou auto-referenciais. A pragmática indexical dá conta da possibilidade da linguagem conciliar estas 3 funções de representação:  Representar o mundo – Valores referenciais  Representar o processo de enunciação – Dícticos ou auto-referenciais  Representar a si própria – Valores Auto-referenciais A natureza paradoxal da linguagem resulta do facto de estas 3 dimensões coexistirem em acto comunicativo. Ex: “Eu não falo português”. “Eu não estou aqui”. É devido à natureza particular da relação dos enunciados com os actos de enunciação que decorre um dos tipos de paradoxo da linguagem. Nestes enunciados as funções coexistem numa relação paradoxal porque a ser verdadeiro o que o enunciado diz, então nem sequer devia ter tido a possibilidade de se ter produzido a sua enunciação só caiem neste paradoxo os que confundem e não conseguem distinguir e adequar de forma pertinente as condições de veridição (dizer verdadeiro) dos enunciados com as condições aceitabilidade de acto da sua enunciação.

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Relação entre enunciação e enunciado: Estes paradoxos só têm solução de conseguirmos perceber a coexistência no memo acto comunicativo de circunstâncias de natureza diferente. Aquilo que o produz e que ele mostra. A enunciação é um acontecimento ou dispositivo que faz existir ou realizar os enunciados. Sendo um acontecimento, a enunciação não é verdadeira nem falsa, mas sim realizada. Não está sujeita às condições de veridição mas a regras de natureza causal. Enunciação ----------------- Enunciado Causa-------------------------Efeito Estabelece com os enunciados que produz uma relação de causa/efeito Tal como a causa se reflecte no efeito, também a enunciação se reflecte ou representa no enunciado, daí podermos dizer que os valores dícticos são auto-reflexivos e autoreferenciais.  Penso que amanhã vai chover. Penso – O que se refere à modalidade (sujeito de enunciação) – componente modus Amanhã vai chover – O que o enunciado diz – dictum A modalidade modus não pode estar sujeita a verificações de veridição, mas apenas ao acontecimento da sua ocorrência (se foi realizado ou não). Do ponto de vista do sujeito da enunciação a sua transformação em sujeito do enunciado só pode operar-se sob a forma de modus e não do dictum. Para se converter em dictum aquela enunciação tem de ser integrada numa nova que fale dela. Só assim pode ser validada pelas condições de verdade.  Eu disse que pensava (penso que) amanhã vai chover

Eu disse – modus Que pensava (penso que) – modus; amanhã vai chover – dictum; dictum Entre aquilo que o enunciado diz e aquilo que a enunciação mostra exige uma relação em abismo. A relação que se estabelece entre enunciado e enunciação é caracterizada pelo facto de ser uma relação em permanente diferimento, deslocação, afastamento constante. Por isso se fala de abismo, ele é algo sem fundo, interminável. Exemplo: Apesar de podermos dizer que a máquina fotográfica se revela na fotografia mas ela própria não é visível, na imagem captada. Para se tornar visível na imagem ela tem de ser captada por uma 2ª máquina, que por sua vez, fica do campo de visão da 1ª. É exactamente esta relação que existe entre enunciado e enunciação. A enunciação é um acontecimento que faz existir ou realizar um enunciado. Sendo intrínseca ao enunciado não se confunde com ele, não está sujeita às condições de veridição mas a regras da natureza causal. Realidade Ou Não Enunciação ------» enunciado (causa) (efeito) Condições de veridição

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“Eu não falo português” – Se esta enunciação -» então -» quem o disse estava a mentir Só pode ser referida por um outro processo de enunciação que refira o 1º, encaixando-o num novo processo de enunciação. As duas funções (referencial e auto-reflexiva) também se revelam na articulação que ocorre entre o enunciado e enunciação e portanto a linguagem actualizada no discurso revela-nos que os próprios enunciados também podem indexar, ancorar o próprio processo da sua enunciação. A Enunciação – As questões da subjectivação do discurso e da subjectividade da linguagem Benveniste – noção de sujeito é incontornavelmente dependente da noção de relação intersubjectiva O processo de referência implica as noções de discurso e de sujeitos de interlocução. Como diz Benveniste (crítica à concepção instrumental da linguagem): “Nunca encontraremos o homem separado da linguagem e nunca o encontraremos inventando-a. Na e pela linguagem é que o homem se constitui como sujeito. Porque só a linguagem funda realmente a sua realidade (realidade humana) – o conceito de ego. Esta subjectividade não é senão a emergência no ser de uma propriedade fundamental da linguagem.” É ego quem ego. Encontramos aqui o fundamento da subjectividade que se determina pelo estatuto linguístico da pessoa. (A.D.R. “Eu moro em Lisboa” = “Falar é falar-se” – Kristeva) A consciência de si só é possível se se tomar conhecimento de si, por contraste. Eu só utilizo eu ao dirigir-me a alguém que na minha alocução será tu. É esta condição de diálogo que é constitutiva da pessoa, pois implica que, reciprocamente eu me torne tu na alocução daquele que, por sua vez, se designa eu. A polaridade das pessoas é a condição fundamental da linguagem. Nós construímos a nossa identidade por contraste do outro. É também pelo facto da natureza complexa do processo de referência díctica estar dependente da relação intersubjectiva de interlocução que as crianças revelam tantas dificuldades na sua utilização. Exemplo: O João tem sono (dificuldade em dizer o eu) Eu só se refere à instância de discurso actual presente porque eu é um díctico. É um signo vazio que só se preenche no momento em que vai ser usado. “A linguagem propõe de certo modo, formas vazias do que cada locutor se apropria em situação de discurso e que relaciona com a sua pessoa, definindo-se ao memo tempo “eu” e definindo um parceiro como “tu”. “O tempo em que se está é o tempo da enunciação. Não se confunde com o tempo da ocorrência dos acontecimentos relatados” – ponto 4.4.5.2 de Benveniste “E o espaço do discurso não coincide com o espaço geográfico e com o espaço psicológico.” Por isso, do ponto de vista da pragmática as pessoas são as instâncias da enunciação constituídas pelos interlocutores. Estão, por conseguinte, sempre presentes no acto da enunciação. Embora nem sempre sejam explicitamente referidas nos enunciados. As pessoas da interlocução correspondem ao locutor e ao alocutário. Estamos a falar de pessoas da enunciação e das suas marcas no enunciado. Não se trata de uma categoria psicológica ou sociológica. Não se trata do indivíduo real que fala ou ouve, mas do responsável pelo

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dizer e fazer discursivos. Assim, por exemplo, o sujeito da enunciação pode referir-se a um indivíduo real ou a uma personagem de uma peça de teatro.

Locutor/alocutário -» conceitos discursivos Da mesma maneira, o sujeito da enunciação também não se confunde com o emissor nem com o destinador. Por exemplo, no caso do discurso relatado, o sujeito da enunciação pode fazer seu o enunciado de outro destinador (O Presidente pede-se para lhes dizer…) ou pode demarcar-se do enunciado de outro destinador (Não acredito no que me disseste acerca de…). A multiplicidade dos intervenientes no processo enunciativo decorre do facto de em cada discurso ressoar uma pluralidade de vozes. Da mesma forma que o locutor não se confunde nem com o emissor nem com o destinador, também o alocutário não se confunde com o receptor ou com o destinatário do enunciado. Por exemplo, um enunciado pode visar destinatários diferentes das pessoas presentes, quer se trate de destinatários ocasionais ou previstos, ou propositadamente visados pelo interlocutor. É exactamente por isso que o Adriano Duarte Rodrigues (página 90) diz que “Não é o uso do dispositivo formal da língua ou a sua apropriação que constitui alguém como sujeito do discurso mas a relação interlocutiva. Então não é a materialidade das unidades verbais mas os falantes que ao usarem-nas com uma determinada intencionalidade lhes conferem ou não uma determinada função indexical, ou sejam, fazendo com que possuam uma determinada referência”. Assim, Benveniste diz “A referência é parte integrante da enunciação”. O conceito de referência é uma realidade discursiva. Tendo em conta isto, não podemos confundir as condições de veridição dos enunciados com as condições de aceitabilidade ou sucesso da sua enunciação. As condições de verdade do dicto são autónomas em relação às condições de aceitabilidade ao sucesso do acto da sua enunciação. E nós estamos a interrogá-las quando perguntamos “Porque ele disse àquela pessoa, naquela situação, naquele momento”. É este posicionamento que nos leva a concluir e a perceber de que forma se dá a subjectivação e a construção do mundo no discurso.

Subjectivação do discurso E porque não está associada às significações das unidades linguísticas que a subjectivação do discurso pertence ao domínio dos pressupostos que os interlocutores não podem deixar de ter em conta para darem sentido aos enunciados que trocam entre si. Por isso, o processo de referência tem a importante função de definir as fronteiras que delimitam o mundo próprio do discurso a que alguns autores chamam quadros de sentido. Estes últimos são fronteiras que delimitam o espaço dentro do qual determinadas realidades são razoáveis e plausíveis e fora dos quais seriam absurdas. Para poderem ser aceites como razoáveis os interlocutores estabelecem uma espécie de contrato referencial (define a aceitabilidade, razoabilidade e a relevância) dos processos de referência e que é um acto realizado implicitamente ou pressuposto pelos interlocutores. Porque a partir do momento em que alguém o explicite, quer para o renunciar ou reformular, ele deixa de fazer sentido. Processo caracterizado por uma REVISIBILIDADE TEORICAMENTE.

2. Espaço público, legitimidade e opinião pública; 2.1. a emergência da questão comunicacional na modernidade e a autonomização do campo dos media

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relativamente aos outros campos sociais – Bibliografia: Mudança Estrutural da Esfera Pública – Habermas; Comunicação e Cultura (Planetarização); Estratégias da Comunicação – Adriano Duarte Rodrigues - No espaço público discutem-se as decisões do poder político. Espaço público -» espaço de confronto, batalha discursiva - Não se pode confundir questão política (implicam-nos a todos, por vezes em esferas da vida privada. Ex: aborto) com questão partidária.

A emergência da questão comunicacional na modernidade Sociedades tradicionais ou fechadas ≠ Sociedades complexas ou abertas Mundo moderno (sociedades complexas) -» séc. XVIII; XIX; XX Conceito de Modernidade (texto de Adriano Duarte Rodrigues – Comunicação e Cultura – 2ª parte) – inovação em oposição a tradição; a modernidade é um conceito transhistórico, ou seja, não diz respeito a um recorte linear mas a quadros de experiências tradicionais. O 1º período da história em que os homens falam da modernidade é na época do iluminismo (Europa, séc. XVIII) (Pág. 29) – Planetarização Nas sociedades tradicionais, a comunicação estava regulada de antemão (à priori) por quadros de sentido (que não são passíveis de ser questionados) relativamente estáveis definidos dentro das fronteiras das comunidades de pertença (Questão das expectativas vs sanção). Apesar de divergências de opinião e conflitos, a legitimidade para dizer e agir era tradicionalmente regulada pelo respeito indiscutível da autoridade da tradição. Pelo contrário, nas sociedades complexas, a inovação é um processo acelerado e nas sociedades complexas as posições contraditórias coabitam no seio da mesma sociedade sem que nenhuma acabe por se impor pelo menos, de forma definitiva, ou seja, sem possibilidade de substituir definitivamente posições concorrentes (Ex: aborto) – divergência de posições. Estes quadros de sentido não só podem ser modificados dentro da mesma cultura como podem sofrer alterações de cultura para cultura.

O que legitima a imposição destas visões do mundo ou quem tem a autoridade e legitimidade para definir estas regras? – Texto Estratégias da Comunicação de Adriano Duarte Rodrigues)

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 Sociedades Tradicionais: O campo económico, religioso e político funcionam como um todo. Essas regras são impostas pela autoridade divina ou pela força da tradição e estamos perante um locutor que dita as regras do dizer, do pensar e do fazer que é seguro e inquestionável. Ninguém ousa pôr em causa a autoridade de Deus e/ou da tradição. O que está na origem deste processo? No processo que está na origem nesta viragem da modernidade, estes três campos (religioso, económico e político) autonomizam-se. Além destes 3 campos se autonomizarem verificamos a distinção do campo religioso e secular. Campo social – constitui uma instituição social entendida como uma esfera de legitimidade e competência Surge um novo campo social, os media.  Sociedades Modernas: a autoridade divina (Deus) vem ser substituída pelo Homem e pela Razão Humana A autonomização dos campos sociais e o surgimento do campo dos Media

Estratégias da Comunicação Campos Sociais – Genealogia - Legitimidade e formalização - Corpo e hierarquia A autonomia dos campos sociais está ligada com a modernidade. Este processo de autonomização tem a ver com a fragmentação da experiência em diferentes esferas que pretendem o reconhecimento público como esferas com legitimidade para criar, gerir e sancionar uma ordem axiológica própria entendida como conjunto de valores que se impõe a todos com carácter vinculativo. O campo religioso exerceu nas sociedades tradicionais a função aglutinadora do conjunto da experiência humana. Nenhuma outra esfera projectava nenhuma outra esfera axiológica própria com força para se autonomizar da ingerência do religioso. A autonomização dos campos sociais na modernidade está assim intimamente relacionada com a ruptura em relação a esta ordem totalizante do religioso. Apesar de, a modernidade estar presente (ainda que de forma virtual e embrionária nas sociedades mais antigas é a partir do séc. XIV que nas sociedades ocidentais assistimos à aceleração do processo de fragmentação do tecido social numa multiplicidade de esferas de legitimidade que ditam o fim do domínio hegemónico do campo religioso sofre as esferas políticas, jurídica, científica e médica. Um campo social constitui uma instituição social, ou seja, uma esfera de legitimidade. O religioso, a família, o militar, o político, o científico são indiscutivelmente campos sociais. Definem esferas de legitimidade que impõem com autoridade indiscutível actos de linguagem, discursos e práticas, conformes ao seu domínio específico de competência.

Legitimidade relacionado com saber Assim, a legitimidade é o critério fundamental de um campo social. Reconhece-se pelo facto de poder ocupar o lugar de sujeito da enunciação. Ex: A família exige…! São enunciados que colocam instituições sociais no lugar de sujeitos da enunciação (sujeitos que dizem o que podemos dizer ou fazer) aos quais reconhecemos a capacidade de impor com legitimidade indiscutível ao conjunto do tecido social.

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No entanto, a maioria das instituições que regulam o espaço público age de maneira informal à imagem da própria instituição da linguagem. Assim, o vestuário, a sexualidade, a gestualidade, são tanto mais poderosos e legítimos quanto menos visível e consciente é a força vinculativa da sua intervenção. É esta rede complexa de instituições informais que dita a maior parte das normas da conformidade social que constituem o espaço público. A legitimidade do social quer se afirme formal ou informalmente incide sobre o processo de institucionalização os valores que lhe são próprios. Um determinado campo social retira da natureza hierárquica da sua ordem axiológica o princípio da hierarquia dos detentores da legitimidade. Está-se tanto mais perto do vértice da pirâmide de um campo, quanto maior for a competência que se possui para criar, gerir e sancionar a respectiva ordem de valores. O conjunto dos detentores da legitimidade de um determinado campo social constitui o seu corpo. A característica principal do corpo social é a sua visibilidade. A visibilidade do corpo social não podem ser reduzidas ás formas materialmente manifestas (ex: insígnias). Mas existem também formas implícitas de visibilidade que se manifestam nas modalizações dos discursos, dos gestos e dos comportamentos. Cada corpo social comporta funções expressivas (dizer) e pragmáticas (fazer). A ordem axiológica de um determinado campo dita a conformidade e a conveniência nos domínios do dizer e do fazer.

Regimes de funcionamento e visibilidade simbólica Um campo social possui diversos regimes de funcionamento consoante o lugar e o momento. Fora dos momentos e dos locais apropriados, os campos sociais funcionam em regime lento, apesar de continuarem a vigiar a normalidade dos processos no que diz respeito às suas funções expressiva e pragmática. É no decorrer da aceleração do seu ritmo de funcionamento que um campo social formaliza e aumenta a sua visibilidade simbólica.

Dimensões Cada um dos campos sociais coexiste com uma multiplicidade de campos sociais. Dos processos e das funções entre os diferentes campos sociais resultam reflexos, interferências (“Reflexo” – A.D.R.) que designamos por dimensões e que se projectam nos outros campos sociais. Um campo é tanto mais forte quanto mais conseguir impor aos outros a sua axiologia e quanto maior for o número de campos em que consegue projectálas

Modalidades estratégicas No geral, elas funcionam numa lógica de cooperação mas muitas vezes assistimos a estratégias de conflito. Verifica-se quando mais do que um campo tem a pretensão de impor a sua lógica axiológica em detrimento dos outros campos. Com a autonomização e a constituição moderna dos campos sociais institui-se aquilo a que damos o nome de Publicidade (no sentido etimológico em que é o processo de tornar público). Este processo está na origem do surgimento e da autonomização do campo dos media. Este processo está ligado ao processo de autonomização da esfera informativa

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(Adriano Duarte Rodrigues). Surge como o corpo especializado na regulação dos valores da Publicidade, como um campo de mediação. É por isso que o campo dos media é um campo cuja legitimidade é por natureza delegada pelos restantes campos sociais. É um campo em que predominam as funções expressivas, o que faz com que o discurso assuma na modernidade uma posição central na estruturação do tecido social. Media (querem tornar públicas questões de todos os campos, que muitas vezes preferem que tais questões sejam resguardadas -» crise, conflito de interesses) O termo MEDIA adquire um sentido mais lato do que a expressão MASS MEDIA (meios de comunicação social) porque estamos a usar a ideia de campo dos media como instituição de mediação que surge na realidade abarcando todos os dispositivos que têm como função divulgar os valores legítimos mas divergentes das instituições que adquiriram nas sociedades modernas o direito a mobilizarem autonomamente o espaço público. É por isso que muitas destas funções de mediação são asseguradas por dispositivos distintos dos meios de comunicação social. Nem todas as funções de mediação são necessariamente só garantidas pelos meios de comunicação.

2.2. Emergência e consolidação do espaço público moderno como espaço discursivo – Bibliografia: Mudança Estrutural da Esfera Pública – Habermas; Estratégias da Comunicação – Adriano Duarte Rodrigues Espaço Público & Esfera Pública -» Dimensão discursiva A esfera pública é constituída pelo conjunto de discursos e de acções que têm a ver com o domínio da experiência de todos e que interferem com a experiência da interacção e da sociabilidade (definição de esfera pública). Aquilo que é público ou privado não se mantém igual com o passar do tempo. O próprio conceito de espaço público é um conceito transhistórico. Na Antiguidade (quando os Gregos distinguiam o que era da ordem da Polis em contraste com a Oikos). A Polis é do domínio comum e por isso, a esfera pública surge separada da esfera privada e é na Praça Pública (a que se chama Ágora) que os cidadãos se reúnem para debater os assuntos relativos à governação da cidade onde cada um desenvolve as artes da retórica e da argumentação, o reconhecimento público. O Público assume o significado de político (no sentido particular), ou seja, o domínio da discussão (onde são tomadas as decisões) que dizem respeito à vida colectiva dos cidadãos e do qual se encontram excluídas as áreas ligadas ao trabalho e à actividade económica em geral. Tudo o que tem a ver com a esfera familiar e do trabalho não tem a ver com a esfera pública mas a privada. A esfera do Oikos é a que pertence à esfera privada; onde prevalecem as relações de propriedade e de dominação do senhor da casa sobre as mulheres, crianças e escravos. As transformações que se dão na modernidade trazem um novo conceito de espaço público (a partir do séc. XVI). Assistimos à emergência de uma nova organização económica mercantil – nova classe social -» burguesia. Ou seja, dá-se um afrontamento do poder feudal. A partir da Revolução Francesa dá-se a implantação de um Estado Moderno (nova organização da sociedade civil) – desenha-se com a autonomização das esferas pública e privada (Pág. 45 – Esfera Pública Burguesa – séc. XVIII).

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A esfera privada surge a partir dessa nova esfera privada (ligada à economia) que opõe a sociedade civil ao Estado (em que a Corte e a Aristocracia detém o poder) Sector Privado Esfera Privada Economia Sociedade Civil Família Espaço da Esfera Política Esfera Pública Literária Poder Estado Corte Aristocracia

A esfera pública surge como um espaço de mediação entre o Estado e a Sociedade Civil. A esfera pública literária desenha-se como a 1ª experiência social no novo espaço público. O seu objecto é: a discussão e problematização. Critério de funcionamento – uso da razão no âmbito de um espaço comunicacional; o espaço público moderno deve a sua configuração às primeiras esferas públicas burguesas constituídas por pessoas privadas que se reuniam em salões, clubes e sociedades para trocar experiências. Esfera Pública Política  Com base na experiência da esfera pública literária  Objecto da esfera pública política é diferente da esfera pública política literária: trata-se da regulamentação da sociedade civil e da contestação do poder  Oposição às práticas políticas consagradas que eram da soberania absoluta e o segredo de Estado  Meio/instrumento para pôr em causa: instituição do direito moderno o Diferenciação do direito público do direito privado o Imposição de um conceito rigoroso de Lei (Generalidade, Abstracção, Racionalidade) - A lei aplicada de igual forma aos cidadãos. - Deixa de ser exercido o poder em função do livre-arbítrio do soberano, do déspota cuja palavra é divina -» não havia critério de democracia, de transparência

Critérios de funcionamento da Esfera Pública Política  O uso da razão e o espírito iluminista – conceitos -» ideal-puro Problemática da técnica: emancipação ou alienação? – “desencantamento da modernidade” –Weber  Critério da PUBLICIDADE – entendida como “tornar público” (vs segredo)  Critério da CRÍTICA – papel da imprensa o Crítica no sentido da auto-reflexão sobre a própria sociedade. (eficácia da crítica humorística) – Questão da laicização temática

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Princípios de funcionamento - Paridade na argumentação no sentido em que o estatuto dos participantes é igual. - Baseia-se na autoridade dos argumentos “ a paridade dos argumentos pode-se afirmar contra a hierarquia e o estatuto social”. – Não há relações de poder – hierarquias ou relações de estatuto - UNIVERSALIDADE DO ACESSO À ESFERA PÚBLICA POLÍTICA – (algo utópico) 2º Princípio Laicização Temática = Abertura temática (temas possíveis de ser discutidos) Secularização 3º Princípio - Não fechamento do público, no sentido da abertura da participação. Esta esfera é potencialmente expansível, alargada a todos os que nela queiram participar. Comunicação como espaço simbólico fundamental da esfera pública.  Suporte ao exercício privilegiado da PUBLICIDADE  Espaço público como espaço discursivo; como prática argumentativa que favorece o exercício crítico. - O Jornalismo  Inicialmente é um jornalismo de opinião  Imprensa começa por ser extensão da palavra oral dita à palavra escrita; consegue alargar o espaço de discussão a pessoas que não tinham capacidade de participar 1ª fase -» imprensa romântica ou de opinião protagonizado por escritores, filósofos… (FOLHAS VOLANTES)

Opinião -» Informação

Produto como qualquer outro à venda no mercado; sujeito deixa de ser produtor da opinião e torna-se produto, destinatário dos discursos veiculados pela imprensa (Pág. 50)

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2.3. A opinião pública e os processos de legitimação (Habermas e Luhmann) – Bibliografia: A improbabilidade da Comunicação – Luhmann; Mudança Estrutural da Esfera Pública - Habermas - É a partir do séc. XVII que a esfera pública burguesa conquista a sua dimensão política, regulamentando a relação entre o estado e as necessidades da sociedade civil. E ela realizase a partir da autonomização de uma opinião – a OPINIÃO PÚBLICA - A opinião pública só pode, por definição, existir quando um público que faz uso da Razão está envolvido. Prevalece o uso público da Razão articulado por indivíduos privados que, ao participar em discussões abertas e francas obrigam o poder público a legitimar-se perante a opinião pública. Opinião Pública:  Sujeito de legitimação  Público como sujeito do discurso  Deliberação diferente de decisão Deliberação: processo de decisão (decisão política atende a uma opinião por confronto, por medida de prós e contras) que implica a participação do interlocutor - A emergência de uma esfera pública política no século XVIII é responsável pela constituição de uma opinião pública, enquanto opinião devidamente fundamentada e que reivindica a possibilidade de intervir nos processos de decisão, suscitando debates ideológicos e questionando a legitimidade das decisões políticas exercidas segundo formas absolutistas de exercício da soberania -» problema: como é exercido o poder? Habermas (1962) – as sociedades sofreram transformações na esfera pública Público – deixa de assumir o papel de “sujeito” do discurso e passa a ser o “objecto” dos discursos do poder - passamos a ser persuadidos/manipulados PÚBLICO TORNA-SE “MASSA” -» apagamento/dissolução da dicotomia público-privado

Família – deixa de ser o sustentáculo da sociedade; fica vulneráveis alterações económicas Sector privado: competências do sector privado – passa a estar na esfera do Estado – Esfera pública - A única coisa que se mantém do sector privado é o reduto íntimo da família

SOCIEDADE MERCANTIL – pessoas deixam de ser proprietárias - PSEUDO-PRIVACIDADE

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- GRADAÇÃO AO NÍVEL DA IMPRENSA – industrialização da informação - consumismo cultural enquanto dissolução dicotomia público vs privado – Privado passa a denominar a esfera íntima

da

- DESPRIVATIZAÇÃO DA ESFERA ÍNTIMA a partir da hegemonia da lógica/capitalista do lucro. A dissolução dos centros convencionais de cultura: cafés, salões…, o consumismo colectivo substitui o consumo público.

Público que pensa a cultura Cidadãos

Público que consome a cultura

Consumidores

Uma das características é que assistimos à encenação do debate e da discussão (objecto de consumo), a publicidade como objecto de consumo.

Transformações do Espaço Público – Habermas – cap. V (1962) Resumo:    Público interlocutor meramente destinatário dos discursos -» dissolução da dicotomia público » privada Família é esvaziada do seu papel de sustentáculo Consumo colectivo substitui o consumo público Público Sujeito -» “Público” objecto Público -» Massa - A expansão do consumo traz consigo a degradação da qualidade - A diversão e a distracção enquanto adesão imediata surge também como uma forma de inibição do raciocínio crítico

Da Palavra Oral à Palavra Escrita - A partir dos fins do séc. XIX assiste-se à 3ª fase da imprensa, caracterizada pelo aparecimento das empresas jornalísticas como grandes empresas capitalistas, e trazem consigo o reforço dos interesses provados (lucros) na orientação das empresas jornalísticas. - Imperativo supremo: aumento das tiragens, isto vem a par do surgimento da publicidade comercial - Com a facilitação económica há a simplificação psicológica, dos conteúdos -» esvaziamento político da imprensa. Surgem as técnicas da informação e da notícia.

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INFORMAÇÃO VS OPINIÃO - Com o surgimento dos audiovisuais, ainda assistimos mais ao solupcismo (solidão; cada indivíduo recebe a mensagem), na recepção. “Quanto mais intimista é uma sociedade, menos sociável ela é” - Cada vez mais estamos perante uma opinião pública como o destinatário de estratégia da MANIPULAÇÃO. (transposição para o campo da comunicação política do marketing comercial) - Passamos da opinião pública como forma de constituição da vontade colectiva à PSEUDO-opinião pública (resultado de uma construção estratégica, em que se procura a adesão a decisões previamente tomadas) -» DELIBERAÇÃO (processo participado) - Opinião Pública passa para o estatuto apelativo - AMBIVALÊNCIAS DO ESPAÇO PÚBLICO CONTEMPORÂNEO -» consolidação de uma base de legitimação quantitativamente mais consistente – PÚBLICO EXPANSÍVEL -» alargamento quantitativo da opinião pública, mas ela é também qualitativamente cada vez mais débil.

Esta esfera surge como campo de conflito social, onde têm lugar importantes debates sobre o futuro das nossas sociedades Papel da Opinião Pública na Democracia - Habermas caracteriza esta transformação como a passagem de uma opinião pública enquanto realização da razão prática, sistemática, de raciocínio crítico e reflexivo a uma opinião pública sujeita ao senso comum, intelectualmente pobre. A utilização da designação “ESFERA PÚBLICA” mantém-se por comodidade, já que a nova esfera social apenas remotamente remete para o modelo da esfera pública/moderna burguesa. A função da legitimação da opinião pública resiste a este processo de mudança e, no Estado Social das sociedades actuais, a opinião pública continua a constituir o suporte principal de legitimação do poder, mesmo apresentando-se de forma substancialmente diferente. O seu exercício é irregular e de estatuto de função crítica assume mais o estatuto de função aclamativa (Fabricação da Opinião) - Esvaziamento político do conceito mas que não chega à sua neutralização. Pelo contrário, à nova esfera pública é conferido um valor cada vez maior em termos do direito moderno. - Em consequência das transformações em curso, a opinião pública sofre uma mutação profunda em duas direcções contraditórias; por um lado, uma enorme expansão, por outro lado, o enfraquecimento da sua força política autónoma.

DILUIÇÃO DO PÚBLICO » EMERGÊNCIA DA MASSA

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HABERMAS ≠ LUHMANN Luhmann – abordagem da teoria sistémica - A comunicação apesar de ser algo que nos dá ideia de que está sempre a acontecer, é altamente improvável que se dê na realidade. - No seguimento de Parson, Luhmann entende a sociedade como um sistema composto por vários subsistemas funcionais (sistema político, económico, da saúde, jurídico…). Cada um deles desempenha funções específicas e cada uma pressupõe que os outros desempenham funções das suas competências a partir do que se gera interdependências e cooperação, contribuindo para a integração e funcionamento do sistema geral (a sociedade) - A Relação entre sistema e comunicação pode ser sintetizada da seguinte forma: a comunicação é o dispositivo fundamental da dinâmica evolutiva dos sistemas sociais. O seu objectivo é produzir a eficácia que torna possível a regularização da vida social em sociedades cada vez mais complexas. À luz desta perspectiva a comunicação é vista como um processo selectivo que se desenvolve a 3 níveis: produção de conteúdos informativos, difusão e aceitação desse mesmo conteúdo. Faz equivaler sociedade a comunicação, ou seja, os sistemas sociais só podem existir quando há comunicação. A comunicação destinase a produzir a eficácia simbólica generalizante que torna possível a regularidade da vida social. Mas para Luhmann se nos perguntarmos se a comunicação é possível a resposta não é simples. - (Pág. 41/42) Opinião de Luhmann sobre a comunicação: “Uma teoria da comunicação, como a que aqui pretendo esboçar, implica antes de mais que a comunicação é improvável. É-o apesar de, diariamente, a experimentarmos e a praticarmos e de não podermos viver sem ela. Esta improbabilidade que se tornou imperceptível requere uma apreensão prévia e além disso um esforço que se poderia classificar como CONTRA-FENOMENOLÓGICO. Ou seja, temos que pôr em causa aquilo que parece provável (a comunicação é provável). “Isto é factível (realizável) se se abordar a comunicação não como fenómeno observável mas como problema, deixando de procurar um conceito que se ajusta ao máximo a todos os dados observados e começando por perguntar se a comunicação é possível e imediatamente surge uma série de problemas e dificuldades que a comunicação deve superar para poder chegar a produzir-se.” E é assim que Luhmann enumera 3 níveis de dificuldades ou improbabilidades que têm que ser superados para que a comunicação se realize e cuja superação o Luhmann considera pouco provável: 1º (nível semântico): “O sentido só se pode compreender em função de um contexto e para cada um ele é o que a sua memória lhe faculta. Hoje (1981) devido ao isolamento e individualização das consciências e da experiência há uma multiplicidade de contextos (sentidos). De onde resulta a improbabilidade de alguém compreender o que o outro quer dizer” 2º (nível do processo-técnica): Aceder aos receptores. A atenção só é garantida em situações de interacção, para além dos limites desta quando há a interposição da técnica a atenção necessária para que a comunicação se produza. 3º (nível da eficácia): Obter o resultado desejado. Nem sequer o facto de que uma comunicação tenha sido entendida garante que tenha também sido aceite por resultado desejado entendendo o facto de que o receptor adopte o conteúdo selectivo da comunicação

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(informação que não é seleccionada pelos sistemas sociais) como premissa do seu próprio comportamento. - Estas 3 improbabilidades reforçam-se mutuamente. Quando uma comunicação foi correctamente entendida, dispõe-se de um maior número de motivos para a rejeitar. Se a comunicação transborda o círculo dos presentes, a sua compreensão torna-se mais difícil e é mais fácil, por sua vez, que se produza a rejeição. Esta lei, segundo a qual as improbabilidades se reforçam mutuamente e as soluções dos problemas num aspecto, reduzem as possibilidades de solução noutros, implica que não exista nenhum meio que facilite directamente um progresso constante de entendimento entre os homens. Nem a linguagem, nem o meio de comunicação são garantia da eficácia. -» ALTERNATIVA: Media simbolicamente generalizados – o único meio que vem substituir os outros - Não há vida social sem comunicação. - É difícil atrair a atenção das pessoas (que são selectivas)  Mais informação e comunicação  Mais selectividade – sobretudo com a manifestação da informação - Para Luhmann, o que geralmente designamos por meio, a linguagem e os meios de comunicação de massas (meios de difusão) não resolvem o problema e até o agravam. É assim que Luhmann afirma que a sua teoria requere um conceito que designe a totalidade dos mecanismos que servem para transformar a comunicação improvável em provável, e que resolva os 3 problemas básicos. Esse conceito é o de MEIOS DE COMUNICAÇÃO SIMBOLICAMENTE GENERALIZADOS. Esses media generalizados operam como verdadeiros substitutos da linguagem, de forma a garantir a operatividade e a eficácia no funcionamento do relacionamento e entendimento humanos, garantindo a capacidade de decisão, garantindo a regularidade das interacções (ideia retomada de Parsons) Cada campo social cria o seu media Ex: campo económico – dinheiro (media simbolicamente generalizado) Campo político – poder Campo científico – verdade propostas de Luhmann Campo da família, relações afectivas – amor - Os media simbolicamente generalizados são media de circulação de sentido. Regulam as relações legítimas e ilegítimas Legítimas Circulação de sentido Ilegítimas Ex: Antes do 25 de Abril: divórcio era ilegítimo; adultério do homem era legítimo// bigamia em alguns sítios é legítima, noutros é ilegítima

Legitimação das decisões do poder político: Habermas ≠ Luhmann

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Luhmann: Face à complexidade social e ao imperativo do funcionamento da sistema social, a legitimidade das decisões não pode ser resolvida no âmbito do ethos político geral da democracia ou do consenso, mas reporta-se antes demais à questão da aceitação das decisões e ao modo como esta aceitação das decisões e do modo como esta aceitação pode ser constituída. “A legitimidade institucional reside na possibilidade de supor a aceitação. Legitimas são as decisões nas quais se pode supor que qualquer 3º espere normativamente que os atingidos se ajustem às expectativas normativas transmitidas por aqueles que decidem.” A legitimidade está associada à certeza da decisão e constitui nessa medida um princípio de eficácia indispensável à viabilização dos sistemas. É neste sentido que se diz que Luhmann defende a tese da legitimação pelo procedimento. Referindo-se a uma sociedade que já não legitima o seu direito por meio da discussão de verdades invariáveis existentes mas sim apenas, ou principalmente por meio da participação em procedimentos. Estes constituem-se como verdadeiros sistemas de acção na base dos quais não é apenas garantida a tomada de decisão mas também a sua aceitação, ambas asseguradas por antecipação. “O procedimento possibilita e realiza a comunicação, contribui para abolir perturbações previsíveis.” A eficácia desses processos é garantida pela participação dos sujeitos. Ao contrário de Habermas, Luhmann sustenta que os processos de legitimação nas sociedades complexas não passam pela recuperação da racionalidade da estrutura comunicativa porque por meio do livre estabelecimento da comunicação, não se pode alcançar nenhum objectivo. - Na concepção que lhe dá Luhmann, a legitimidade dos nossos dias deve ser entendida como uma mera função sistemática, ou seja, não se prende com a necessidade de justificação normativa imposta pelas motivações dos sujeitos, mas circunscreve-se apenas à garantia da regularidade da tomada de decisões. Luhmann parte assim do pressuposto de que o quadro Liberal burguês, no qual a questão da legitimidade nas sociedades modernas começou por ser equacionada e que Habermas continua a achar pertinente, para o Luhman não tem qualquer validade hoje em dia. Estamos perante uma concepção muito particular de comunicação, não são os já indivíduos enquanto tais que são considerados os sujeitos de comunicação, mas os próprios sistemas sociais. E a comunicação destina-se a produzir a eficácia simbólica generalizante que viabiliza a regularidade da via social. - A comunicação é um processo eminentemente selectivo, destinado a normalizar as Relações Sistémicas. Concepção que rompe radicalmente com as concepções tradicionais/referenciais convencionais dos estudos sobre o fenómeno da comunicação. É dentro deste contexto teórico que o Luhmann apresenta a opinião pública, entendida como Processo de Comunicação própria do sistema político e como mecanismo de redução da crescente complexidade – do sistema social. A Opinião Pública manifesta-se como resultado de uma limitação temática que lhe confere a sua estrutura.

2.4. Opinião Pública e efeitos cognitivos – Bibliografia: Efeitos Cognitivos da Comunicação de Massas – Saperas T. Totais

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-» 1970/86 – datas das investigações T. Limitados - Estudos que dão origem a esses efeitos cognitivos

Tipologia dos Efeitos Cognitivos da Comunicação de Massas - Efeitos resultantes da capacidade simbólica dos Meios de Comunicação de Massa para estruturarem a Opinião Pública I – Gatekeeper -» Agenda-Sitting II – A tematização - Efeitos Cognitivos resultantes da distribuição social do conhecimento A Gap Hypothesis – a hipótese do distanciamento - Efeitos Cognitivos resultantes da produção das notícias como construção social da realidade (newsmaking)

Novas tendências da Pesquisa: Mass Media e Construção Social da Realidade – Mauro Wolf - O estudo dos efeitos a longo prazo – Agenda Sitting - Da sociologia dos emissores: Gatekeeper ao Newsmaking Saperas: Nos últimos anos (1987) tentou-se superar o estudo dos efeitos directos dos Mass Media nas atitudes e opiniões da audiência Efeitos directos (Short-Run) -» Metodologias de âmbito restrito -» influência nas opiniões e atitudes dos indivíduos causadas pelas mensagens dos media (afastando-se dos efeitos directos) - Procura tomar em consideração os efeitos indirectos e cumulativos (ou seja, cognitivos) que incidem sobre os conhecimentos que uma comunidade possui sobre o seu meio. (Pág. 11 – definição do efeito cognitivo): “Por efeito cognitivo entendemos o conjunto dos meios de comunicação de massas sobre os conhecimentos partilhados por uma comunidade”. 3 premissas: 1. Reconhece-se que os indivíduos e os grupos sociais necessitam, de uma grande quantidade de informação que lhes permita reconhecer o seu meio e adaptar-se às suas estratégias de comunicação.

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2. O sistema social necessita de uma distribuição selectiva dos conhecimentos públicos (entendido de uma forma lata) todo o tipo de informação, de saber, de ficção ou de valores éticos e estéticos vinculados aos fins e orientações normativas dominantes. 3. Os meios de comunicação actuam precisamente como instituições mediadoras (por isso é que se lhes chama, o campo dos media) entre a população e a realidade entre a população e as instituições que protagonizam os processos de decisão pública - Os media têm um papel fundamental:  Contribuem para a nossa própria representação da realidade porque quando o fazem nós reconhecemos-lhes a capacidade para incidir nos efeitos cognitivos (ou seja, já não são pensados como persuasivos) Efeitos cognitivos – indirectos e cumulativos -» metodologia de âmbito alargado -» long-run Os media não têm grande influência para nos influenciarem a termos tal opinião; os media têm um poder enorme de influência na definição dos temas sobre os quais nós podemos pensar porque eles pré-selecionam de tudo o que acontece e aquilo sobre o qual devemos reflectir. Causas que motivaram a mudança de orientação ao estudo dos efeitos (e do poder) dos media Manipulação/ Efeitos Totais ou Ilimitados -» Persuasão – Influência/ Efeitos Limitados -» Efeitos Cognitivos Causas contextuais:  Transformações do sistema comunicativo  Transformações do sistema político  Transformações na organização da investigação Causas internas:  1º Persuasão vs Cognição  2º Efeitos da Comunicação de Massa vs Opinião Pública  3º Âmbito restrito vs Âmbito dos media  4º Alargamento do âmbito restrito dos media  5º Reputação Parcial da capacidade selectiva dos membros da audiência  6ºConsideração da Influência indirecta exercida pelos Meios de Comunicação de Massas  7º Integração da Investigação sobre aspectos jornalísticas do estudo dos efeitos da cognição de massas

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Motivação E Satisfação No Trabalho Em Uma Empresa de Alta Tecnologia - Estudo de Caso

...UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO - CCA ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E GERÊNCIA – ESAG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO Linha de Pesquisa: Gestão Estratégica, de Processos e de Resultados. MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE ALTA TECNOLOGIA - ESTUDO DE CASO Roberto Kern Gomes Joinville – 2006 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO - CCA ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E GERÊNCIA – ESAG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO Linha de Pesquisa: Gestão Estratégica, de Processos e de Resultados. MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE ALTA TECNOLOGIA - ESTUDO DE CASO Dissertação programa de apresentada Pós-Graduação ao em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina e Escola Superior de Administração e Gerência como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração. Área: Motivação e Satisfação no Trabalho. Orientador: Professor Luis Gonzaga Mattos Monteiro, Dr. Roberto Kern Gomes Joinville – 2006 1 MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE ALTA TECNOLOGIA - ESTUDO DE CASO. Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada em sua forma final pelo Programa de PósGraduação em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina e Escola Superior de Administração e Gerência. Florianópolis, 1º de dezembro de 2006. ...

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O Papel Da Liderança No Processo de Mudança

...e práticas da liderança têm suscitado muito interesse entre as pessoas devido às constantes transformações vividas pelas organizações (Tirmizi, 2002). De modo simplista podemos definir a liderança como a capacidade de afectar os outros (Bethel, 1990). No entanto, a liderança também pode ser entendida como um caminho para criar uma visão clara das tarefas, transmitindo aos subordinados auto-confiança, impulsionada através da coordenação e comunicação permanente (Bohn e Grafton, 2002). É de referir de desde muito tempo se tem questionado se os líderes nascem com esta característica ou se é algo que pode ser treinado para se tornar líder (Armandi, et al, 2003). Bass e Avolio (1990) verificaram que o tipo e o nível de sucesso da liderança derivam da coerência entre os valores culturais e o processo de liderança. Mais recentemente, Wu (2009) reconheceu quatro épocas no desenvolvimento da teoria da liderança: (1) a teoria dos traços/características; (2) a teoria do comportamento; (3) a teoria contingencial e (4) as novas abordagens da liderança, onde se propõem novas teorias para classificar a liderança em estilos transformacional, transaccional e laissez-faire. De acordo com Armandi et al (2003), as teorias iniciais da liderança focam a ideia em “como” ser um líder eficiente, e não em “como” tornar eficiente a liderança. As teorias tradicionais da liderança vêem a relação entre líderes e seguidores como activa e passiva (Wu, 2009), por seu turno nas novas teorias, a liderança...

Words: 1589 - Pages: 7

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Hans

...Ed. Grijalbo; Horizontes do Direito e da História, 1956, 3. ed., 2000, Saraiva; Introdução e Notas aos “Cadernos de Filosofia” de Diogo Antônio Feijó, 1967, Ed. Grijalbo; Experiência e Cultura, 1977, Ed. Grijalbo; Estudos de Filosofia e Ciência do Direito, 1978, Saraiva; O Homem e seus Horizontes, 1980, 1. ed., Convívio, 2. ed., 1997, Topbooks; A Filosofia na Obra de Machado de Assis, 1982, Pioneira; Verdade e Conjetura, 1983, Nova Fronteira, 2. ed., 1996, Fundação Lusíada, Lisboa; Introdução à Filosofia, 1988, 3. ed., 1994, Saraiva; O Belo e outros Valores, 1989, Academia Brasileira de Letras; Estudos de Filosofia Brasileira, 1994, Inst. De Fil. Luso-Brasileira, Lisboa; Paradigmas de Cultura Contemporânea, 1996, Saraiva. OBRAS DE FILOSOFIA DO DIREITO Fundamento do Direito, 1940, Ed. Própria, 3. ed., 1998, Revista dos Tribunais; Filosofia do Direito, 1953, 19. ed., 1999, Saraiva; Teoria Tridimensional do Direito, 1968, 5. ed., 1994, Saraiva; O Direito com Experiência, 1968, 2. ed., 1992, Saraiva; Lições Preliminares de Direito, 1973, Bushatsky, 4./25. ed., 2000, Saraiva, uma ed. Portuguesa, Livr. Almedina, 1982; Estudos de Filosofia e Ciência do Direito, 1978, Saraiva; Direito Natural/Direito Positivo, 1984, Saraiva; Nova Fase do Direito Moderno, 2. ed., 1998, Saraiva; Fontes e Modelos do Direito, 1994, Saraiva. OBRAS DE POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO O Estado Moderno, 1933, 3. ed., José Olympio, 4. ed., UnB; Formação da Política Burguesa, 1935, José Olympio,...

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