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Volatilidade No PreçO Do PetróLeo

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Words 3740
Pages 15
VOLATILIDADE NO PREÇO DO PETÓLEO
Ana Cláudia Bastos e Xavier Brandão

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de
Seminário de Economia
Docente: Ana Paula Africano de Sousa e Silva

Orientado por:
Ana Paula Africano de Sousa e Silva

Ano Lectivo 2014/2015
Licenciatura em Economia
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Índice

1. Introdução
2. Contextualização, importância do petróleo para as economias, efeitos da volatilidade. 2.1. A atualidade no “Mundo do Petróleo”. Procura agregada e fluxos internacionais. 2.2. Petróleo e Globalização.
3. Causas da volatilidade, elasticidade e incerteza; efeitos.
3.1. Fatores determinantes do preço do petróleo: contextualização histórica.
3.2. Incerteza Macroeconómica e impacto ao nível dos preços e produção/exploração de petróleo.
4. Os grandes choques que marcaram a história do petróleo.
4.1. Evolução do preço nos últimos 10 anos.
4.2. Primeira Crise Petrolífera de 1973.
4.3. Guerra do Golfo.
4.4. Crise Financeira de 2008.
5. Conclusão

Introdução

Nas últimas décadas tem-se observado uma instabilidade ao nível do comércio dos recursos naturais, em particular os não renováveis, fruto da volatilidade dos seus preços.
Esta volatilidade é provocada pela consciencialização de que os recursos podem esgotar, o que leva a que o preço destes seja facilmente influenciável, sendo observável que as maiores variações estão associadas a momentos específicos do tempo, como crises económicas e políticas. Esta preocupação constante leva a que actualmente estejam a ser feitos grandes esforços para encontrar alternativas e equilibrar estes mercados.
Neste trabalho será examinado em particular o caso do petróleo e que tipos de choques podem ser responsáveis por gerar períodos de grande volatilidade ao nível do preço e das reservas, acompanhado de uma análise a momentos particulares da história.

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Na secção dois é feita uma contextualização, com referência a conceitos fundamentais.
É esclarecido o significado de volatilidade dos preços assim como a importância dos recursos naturais, do petróleo em particular, para os países e a Economia Mundial. Na secção três, são analisados os tipos de choques que podem ocorrer. É estudado o papel determinante da incerteza, enunciadas diferentes razões que podem levar à instabilidade dos preços e feita uma análise particular. São ainda esclarecidos os efeitos que a volatilidade tem sobre a Economia Mundial. A secção quatro faz uma breve análise à evolução dos últimos 10 anos e um estudo aprofundado de alguns momentos específicos que marcaram a história, nomeadamente a Primeira Crise Petrolífera, Guerra do Golfo e a crise financeira de 2008. A terminar, a secção cinco apresenta as conclusões fundamentais que foram atingidas com este trabalho.

2.
2.1. A atualidade no “Mundo do Petróleo”. Procura agregada e fluxos internacionais. O petróleo é uma das matérias-primas mais importantes na economia moderna. O mundo é ainda muito dependente de petróleo; este está na base da produção de imensos bens e serviços, assumindo um papel preponderante no comércio internacional.
Como tal, desde a desigual distribuição geográfica deste recurso, que limita por si só o comércio internacional, às oscilações no seu preço e no seu fornecimento, tudo isto levam a um clima de instabilidade que afeta o desempenho das economias à escala global. Nos últimos anos, com a emergência de novas Economias e necessidade crescente de petróleo, tem havido uma maior concentração de momentos de tensão, intensificada pelas dificuldades (estratégicas) da oferta em acompanhar a procura. Apesar do domínio dos EUA no que toca ao consumo anual, nos últimos anos tem havido uma clara ascensão da China e Índia, economias emergentes que o vêem como fonte potenciadora do seu crescimento via industrialização, com perspetivas de que sejam os futuros grandes consumidores do óleo negro. (Basher, Haug e Sadorsky, 2012).
Na literatura é dada especial atenção à volatilidade dos preços do crude, porque uma alteração no seu preço condiciona o preço dos restantes recursos energéticos e dos bens
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que nele são intensivos e dos serviços que dele dependem, para além dos restantes condicionamentos que provoca no mercado, desde os efeitos sobre a inflação até a desequilíbrios da balança de pagamentos dos países exportadores e importadores.
No sentido lato, a volatilidade de preços gera uma diminuição dos fluxos de troca, aumentando os riscos para os importadores, gerando, por sua vez, um clima de incerteza entre importadores e exportadores. Flutuações no seu valor conduzem por si só a instabilidade no padrão de preços do petróleo (Chen and Hsu, 2012).
Com isto, segundo os mesmos autores os consumidores adiam o consumo, ela dificuldade de o reverter e os investidores, do mesmo modo, adiam o investimento.
Ocorre portanto uma redução significativa nos níveis do investimento e do consumo doméstico, que se traduz numa diminuição da procura agregada e numa redução das trocas internacionais.
2.2. Petróleo e Globalização.
A tendência é que com o aumento do nível médio do preço do barril, as trocas sejam cada vez mais ao nível local, levando eventualmente a um reverter do processo de globalização (Rubin, 2009). A globalização depende dos transportes, da eficiência e do baixo custo dos mesmos, logo necessariamente do baixo preço do petróleo. Aumentos no nível médio de preços desta matéria-prima poderão por em causa todo o esforço que foi feito até agora nesse sentido.
Verifica-se assim um ciclo que se auto-alimenta. Quanto maior a volatilidade maior a incerteza, mais se retraem os investidores e os consumidores, gerando-se assim um efeito recessivo quer sobre as economias importadoras, quer sobre as próprias economias produtoras e exportadoras.

3.
No seguimento da problemática levantada na secção anterior, é assim importante perceber quais os fatores que geram as variações no nível de preços - a volatilidade – como também a forma como os diferentes grupos de países (importadores e exportadores, do lado da procura e da oferta, respetivamente) reagem a essas variações e análise dos efeitos para os mesmos.
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3.1: Fatores determinantes do preço do petróleo: contextualização histórica
O mundo nem sempre foi dependente de petróleo. Este, até lá sem grande importância para qualquer sector, ganhou relativa importância a partir da segunda metade do século XIX, passando a potenciar o crescimento das economias. Com o ocorrer da segunda Guerra Mundial, os países produtores aperceberam-se do quão dependentes deste óleo eram os países, podendo, por isso tirar proveito desse facto.
Até à década de 1970, os preços eram maioritariamente determinados pelas grandes empresas petrolíferas, as chamadas “sete irmãs” –( Royal Dutch Shell, Anglo-Persian
Oil Company, Esso, Mobil, Chevron, Standard Oil of California, Gulf Oil)
Então, no sentido de restringirem a oferta de petróleo e inflacionarem os preços, subentende-se as suas receitas, é sob tal ótica que criam, a Arábia Saudita, o Kuwait,
Irão, Iraque e a Venezuela, em 1960, a OPEC, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Com isto retiram poder as petrolíferas líderes de mercado, que recusavam o aumento de preços, e asseguraram a estabilização dos preços no mercado internacional de petróleo que vão no sentido dos seus interesses.
Em 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial, levaram a cabo a ação já planeada, e resolveram aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma diminuição na produção, defendendo como os motivos que causaram tal decisão o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países nãoprodutores, que preferiam importar a explorar possíveis jazidas nos seus territórios.
A emergência da OPEC como grande price-maker perde alguma força com a influência crescente do mercado financeiro na determinação do preço do óleo negro, no qual o petróleo passou a estar cotado, pela necessidade de evitar estes choques, que devastaram as economias na altura.
Assim, no estudo dos fatores que conduzem à volatilidade e à incerteza, (por Van
Robays, 2012), são eles as divergências\choques entre a oferta e a procura, a especulação financeira e a própria incerteza como um efeito cumulativo.

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3.2.

Incerteza

Macroeconómica

e

impacto

ao

nível

dos

preços

e

produção/exploração do petróleo; mecanismos de reposta aos choques, efeitos diretos e indiretos.
Segundo a literatura, há incerteza macroeconómica quando há volatilidade, isto é, quando existem variações ao nível da produção industrial mundial, que por sua vez ocorre aquando de variações no preço das matérias-primas (dependente, na generalidade, do preço do petróleo).
No que toca aos choques, estes afetam o preço e a produção do petróleo, e a própria atividade económica, sendo que podemos ter dois tipos. Por um lado choques da oferta, oriundos de variações nas condições de exploração dos jazigos, e na própria extração e produção do óleo. Por outro lado, choques por via da procura, que se subdividem pela sua natureza; podem ser conduzidos pela própria atividade económica ou por fatores específicos ( Baumeister and Peersman, 2012).
O que estudos empíricos levados a cabo mostraram é que a dimensão dos choques, o seu maior ou menor impacto, depende em muito do clima de incerteza e instabilidade vivido pelas economias, que por sua vez está dependente da elasticidade-preço do mercado, estando, assim, intimamente ligados. (ver anexo 1)
Os impactos do lado da oferta e do lado da procura tendem a ser mais distintos quando é maior a incerteza macroeconómica, influenciada, por sua vez, pela menor elasticidade-preço do mercado que se verifica nestas condições macroeconómicas.
Essa diferença na elasticidade-preço é até economicamente significativa, sendo que o choque pode ter proximamente o dobro do impacto para uma mesma variação no preço quando se trata de uma economia onde prevalece a incerteza (ver anexo 1,” oil supply and demand shock,” a área a cinzento a representar regimes de incerteza macroeconómica). Mais ainda, o impacto nessas condições macroeconómicas obriga a alterações nos preços e na produção e a uma resposta mais agressiva de toda a atividade económica. (Ine Van Robays, 2012)
A elasticidade-preço é uma medida da sensibilidade da oferta e da procura face a alterações no preço. O que acontece em períodos de incerteza macroeconómica é que face a alterações no preço do petróleo os agentes do lado da procura e do lado da oferta serão menos sensíveis a essa variação, ao ponto de esperarem pela resposta ao choque dos restantes agentes, tentando perceber a reação do mercado, isto porque as decisões de
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consumo são irreversíveis e o clima é de incerteza. Os agentes estarão dispostos a renunciar a ganhos no presente em troca de mais informações sobre o futuro, evitando o risco próprio de períodos de instabilidade macroeconómica.
Considerando-se economias fragilizadas pela incerteza, nestas é incerto o comportamento da procura para períodos futuros, sendo que na maioria das vezes ocorre efetivamente uma diminuição da procura - choque negativo do lado da procura
(diminuição do preço do petróleo). Em resposta ao choque, e até terem suficiente informação sobre quão persistente é a diminuição da procura e do real impacto do mesmo, os produtores decidem por adiar o seu investimento; dito isto, as empresas de perfuração e extracção atrasam os seus investimentos nas jazidas, adiando mesmo a extracção e a sua exportação, uma vez sendo mais valorizado o valor das reservas de petróleo “bellow the ground”. (Litzenberger and Rabinowitz, 1995) e (kelogg,2010)
A extração não se efetuará enquanto lhes for mais vantajoso e ,com isto, dar-se-á um aumento dos preços no mercado anulando assim o choque negativo do lado da procura.
Quanto mais difícil for reverter o investimento, quanto maior o poder de mercado dos produtores e menor a elasticidade-preço da oferta, durante mais tempo adiarão o investimento, mais tempo perdurará o choque.
Por outro lado, se considerarmos agora um choque do lado da oferta, que leva ao aumento dos preço do barril, o que se verifica é que dado uma procura pouco elástica
(baixa elasticidade-preço) e pelo efeito da incerteza, a tendência é de adiamento não do consumo, mas sim da substituição deste recurso energético por outros.
Para além do mais, Singleton (2012), justifica a própria questão da especulação financeira relativamente ao preço do barril e aos eventos macroeconómicos como factor indutor do aumento da volatilidade dos preços, contribuindo para desvios nos preços que se revelam muito acentuados.
O que muitos estudos recentes têm revelado é que a importância macroeconómica dos preços do petróleo sobre as economias modernas esteja em declínio (Korhonen and
Ledyaeva, 2009), o que poderá ser explicado pelo facto de os investidores conhecerem melhor os mecanismos do mercado ou pela busca de novos recursos substitutos do petróleo, renováveis e ecológicos, no âmbito do conceito de crescimento económico sustentável, o que reequilibra em parte o mercado.
O que outros estudos revelam também é que os produtores poderão estar a adotar a estratégia errada, ou melhor, que os ganhos que esperam no decorrer do aumento do preço, via diminuição da oferta por parte dos mesmos, não são assim tão lineares
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(Hamilton, 2000). No senso comum, a tendência é pensar que estes simplesmente ganham com o aumento do preço, mas os ganhos são relativos, e no mesmo sentido nem tudo são perdas para os países consumidores, daí que muitos se revelem imunes a variações nos preços ( Korhonen and Ledyaeva, 2009), compensando esse aumento por outras vias, como vamos expor.
A relatividade dos efeitos deve-se ao facto de os países produtores de petróleo serem na sua maioria países que ainda carecem de grandes infraestruturas e que por isso são simultaneamente grandes importadores líquidos de bens intensivos nessa matéria-prima, produzidos pelos países para os quais estes exportam petróleo.
Assim, verificando-se um aumento no preço do crude, isto gera de imediato um efeito positivo para as economias exportadoras, pela melhoria dos termos de troca e pelo aumento das suas receitas. Sob as economias importadoras, o efeito é em sentido contrário; estas têm que pagar mais pela mesma quantidade de matéria-prima, que por sua vez torna mais custosa a sua produção, levando a um abrandamento da sua atividade económica, generalizado a todos os sectores.
É através deste mecanismo que se verificam os efeitos indiretos. O abrandamento que se verifica nos países importadores líquidos faz com que estes reduzam as suas importações, o que melhora em parte a sua balança de pagamentos mas é prejudicial para os países exportadores, que vem diminuída a procura.
Por outro lado, com o aumento do preço dos recursos energéticos os países importadores vêem-se obrigados a aumentar o preço da generalidade dos bens, havendo para estes melhoria nos termos de troca e ainda aumento do volume de exportações, suportadas pelo aumento das receitas dos países produtores de petróleo para os quais exportam os bens. Os países exportadores pagam assim mais por esses bens produzidos pelos países para os quais exportam a matéria-prima.
Deste modo, a desvantagem provocada pelo aumento dos preços que inicialmente derruba as economias dependentes do petróleo acaba por ser compensada pelo aumento do seu volume de exportações para os países produtores, que ainda não tem grandes infraestruturas económicas e estão dependentes de bens e serviços intensivos nessa matéria-prima. Podemos verificar isso mesmo através da seguinte tabela. Os efeitos, tanto no curto prazo como no longo prazo neutralizam-se. Note-se, no entanto, que o efeito mais marcante e que prevalece é o efeito direto.

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Na atualidade e em última análise, segundo Wu e Cavallo (2011), os principais eventos que estão na génese de grandes variações no preço do petróleo são a adoção de novas políticas, anúncios da OPEC, aparecimento de alternativas como o gás natural e razões técnicas ou especulações no mercado do petróleo. (ver anexo 2)

Tabela 1:Medição dos efeitos diretos e indiretos in “Trade Linkages and Macroeconoic effetcts of the oil price”- Korhonen and Ledyaeva,2010

4.
4.1. Evolução do preço nos últimos 10 anos.

A evolução dos preços do petróleo nos últimos 10 anos caracteriza-se por diversas oscilações. Entre 2004 e 2008 ocorreu um crescimento linear do preço. Já em 2008, dáse um pico significativo que se segue de uma queda ainda superior, estando estas oscilações fortemente associadas à queda dos LehmanBrohters, assunto abordado mais à frente neste trabalho. Após esta fase, em 2009 ocorreu uma nova subida dos custos, fruto da tensão sentida na faixa de Gaza. Entre 2010 e a atualidade, tem havido uma variação continua mas que oscila entre os 80 e 110 dólares por barril, sem variações muito bruscas.

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Monthly oil prices since 1960 and monthly oil price since 2000 – Chen and Hsu, 2012

4.2. Primeira Crise Petrolifera de 1973.

A primeira grande crise petrolífera ocorreu em 1973. Para pressionar os Estados Unidos e a Europa, que apoiaram Israel nos conflitos, os países árabes, que possuíam praticamente o monopólio de produção, uniram-se, reduzindo a produção e provocando um aumento drástico no preço do barril. Esta situação teve consequências dramáticas para a economia dos países que dependiam do petróleo e pôs fim à fartura, levando pela primeira vez à consciencialização que o petróleo era finito e que a sua extinção é uma questão de tempo. Curiosamente, o embargo que tinha como principal objetivo atingir os Estados Unidos, não surtiu efeito, pois estes eram menos dependentes do petróleo árabe, tendo já desenvolvidas as reservas que possuíam. Apesar de todo o impacto negativo, foi a partir desta crise que se ganhou a consciência da dependência que a economia mundial tinha do petróleo, da fragilidade dessa e da necessidade de investir-se em outras fontes de energia.

4.3. Guerra do Golfo.

Após a 1ª crise, seguiram-se vários momentos que abalaram os mercados e forçaram períodos de grande instabilidade. Em 19901/91 a Guerra do Golfo gerou um desses momentos. Deu-se com a invasão do Kuwait por parte do Iraque, com posterior intervenção da parte dos EUA. Teve a duração de 9 meses e, apesar dos impactos negativos, não foi tão extrema como crises anteriores (Morana, 2012).

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No espaço de 3 meses, o preço de petróleo subiu dos 17 para os 36 dólares por barril. O
Iraque invadiu o Kuwait por considerar que estes realizavam uma produção excessiva de petróleo, com uma venda a custo reduzido, o que afetava os lucros iraquianos num momento de crise financeira. Além disso, reivindicava que o Kuwait explorava reservas que lhe pertenciam (Roger Kubarych, 2005).
A intervenção de força militar por parte dos EUA, forçou o abandono do Iraque após uma longa disputa, mas, ainda assim, com consequências muito negativas. Antes de abandonarem o Kuwait, os Iraquianos incendiaram vários poços de petróleo, o que gerou uma crise económica e ecológica.

4.4. Crise Financeira de 2008.

Mais recentemente, em 2008, dá-se início mais uma fase marcante. O preço do barril ascendeu até aos $140 dólares por barril, valor que gerou um clima de especulação e causou uma profunda erosão na Economia Mundial, em particular nos países mais pobres. Inevitavelmente, esta situação levou a outros problemas, como a subida do preço da alimentação ou dos minerais metálicos. A própria economia norte-americana começou a revelar sinais de crise, à medida que algumas instituições financeiras entravam em ruptura. Esta instabilidade e desregulamentação ao nível dos mercados financeiros favoreceu então o nascimento de uma nova crise financeira.
O aumento do desemprego, diminuição da atividade económica, a crise financeira que afetou os países mais ricos, tudo isto gerou um profundo impacto na economia do petróleo. À diminuição da procura, está associada uma diminuição do preço do barril e, em consequência, os países produtores vêm o seu rendimento cair significativamente. A maneira de lidar com esta crise e iniciar um processo de recuperação regulado passa por um crescente investimento nas energias renováveis e em veículos híbridos (José Lopes
Velho, 2010).

Evolução preço petróleo (1861 – 2004) – José Lopes Velho, 2010

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Conclusão
Como muitos estudos já demonstraram e fica patente ao longo deste, o petróleo tem um efeito determinante no bom funcionamento da Economia Mundial. Estamos perante um dos bens mais precisos da atualidade, sendo que países geograficamente dotados assumem um papel de poder sobre o Mundo em geral.
Com este trabalho vimos que as constantes variações no preço do petróleo não são tanto motivadas por ações levadas a cabo pelo cartel (a OPEP perde algum poder) mas mais hoje-em-dia pela especulação financeira e pela própria incerteza macroeconómica.
Partimos de uma breve introdução ao conceito de incerteza, explicamos com detalhe quais as suas causas e consequências, que vão desde choques do lado da oferta e da procura à própria elasticidade-preço dos agentes. Daqui concluímos que essa volatilidade gera efeitos imediatos sobre as economias, mas que estes são suavizados pelo impacto indireto sobre as mesmas. Isto deve-se à existência de trocas comerciais entre os agentes e por alterações nos termos de troca, dado os países produtores serem simultaneamente grandes importadores líquidos de matéria-prima oriunda dos países importadores líquidos de petróleo.
Reconhecemos igualmente que a história já conheceu diversos momentos de crise associados à volatilidade do preço do petróleo, mas, como é possível concluir por este trabalho e pela bibliografia auxiliar, não há ainda um mecanismo de resposta seguro e alternativas que permitam contornar sem efeitos dramáticos a instabilidade gerada. As perspetivas futuras são, no entanto, de uma intensificação do investimento em energias alternativas, para gradualmente se abandonar esta dependência petrolífera, que forçosamente terá de acontecer dado que o bem acabará por esgotar.

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Bibliografia
Baumeister, C. and G. Peersman (2012): “The role of time-varying price elasticities in accounting for volatility changes in the crude oil market”, Journal of Applied Econometrics, forthcoming.
Basher, S. A., et al. (2012). "Oil prices, exchange rates and emerging stock markets."
Energy Economics 34(1): 227-240.

Chen, S. S. and K. W. Hsu (2012). "Reverse globalization: Does high oil price volatility discourage international trade?" EnergyEconomics34(5): 1634-1643.

Korhonen, I. and S. Ledyaeva (2010)."Trade linkages and macroeconomic effects of the price of oil." Energy Economics 32(4): 848-856.

Litzenberger, R. H. and N. Rabinowitz (1995)."BACKWARDATION IN OIL
FUTURES MARKETS - THEORY AND EMPIRICAL-EVIDENCE." Journal of
Finance 50(5): 1517-1545.

Peersman, G. and I. Van Robays (2012)."Cross-country differences in the effects of oil shocks."EnergyEconomics34(5): 1532-1547.
Pimentel, D.A., (2006). “Indicadores de vulnerabilidade de produtores de petróleo: o caso da OPEP”
I. Van Robays (2012). “Macroeconomic uncertainty and the impact of oil shocks.”
Rubin 2009
Wu, t. and Cavallo, M. (2012). “Measuring Oil-Price Shocks Using Market-Based
Information”

Velho, J.L. (2010). Petróleo: dávida e maldição.

Singleton, K. (2012): Investor .ows and the 2008 boom/bust in oil prices, Stanford University
Working Paper.
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Anexos
Anexo 1: (Ine van Robays, 2012), relativo a medição do impcato dos choques.

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Anexo 2: 2012 International Monetary Fund - Tao Wu and Michele Cavallo

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